O Ajax chegou a um acordo com a família de Abdelhak Nouri e vai pagar 7,850 milhões de euros de indemnização, depois da paragem cardíaca que o antigo jovem futebolista sofreu a 8 de julho de 2017, num jogo particular ante o Werder Bremen.

Nouri, então com 20 anos, caiu inanimado no duelo entre o Ajax e a equipa alemã, disputado na Áustria. A situação causou-lhe danos cerebrais permanentes. Nouri tem hoje 24 anos.

Além da indemnização, consumada depois de também ter havido um acordo verbal em novembro, o Ajax vai continuar a suportar os cuidados médicos de Nouri, tal como vinha fazendo até à data.

«O Ajax confirmou mais tarde [ndr: depois do que aconteceu no jogo] que os cuidados médicos a Nouri, na fase crítica em campo, não eram adequados. Como empregador, reconheceu as responsabilidades pelas consequências. A família Nouri e o Ajax chegaram agora a um acordo sobre a compensação a ser paga pelo clube. O processo instaurado pela família, perante o Comité de Arbitragem da KNVB [ndr: federação neerlandesa] foi encerrado como resultado deste acordo amigável», refere o Ajax, em comunicado.

«No processo arbitral, a extensão do dano, devido, entre outras coisas, à perda da capacidade laboral e indemnização por danos, foi objeto de discussão. O acordo alcançado relativamente a estas rubricas de sinistros respeita a uma compensação líquida de 7.850.000€. Desde o verão de 2017, o Ajax também reembolsou os custos pela enfermaria e cuidados de Abdelhak Nouri e continuará a fazê-lo», nota o emblema neerlandês.

Citado pelo clube, o diretor-geral do Ajax, o antigo guarda-redes Edwin Van Der Sar, referiu que «é bom que o acordo tenha sido alcançado» e reconhece que o «sofrimento de Abdelhak e dos seus entes queridos não acabou».

Também esta segunda-feira, e depois de conhecida a decisão, o advogado da família, Lucas Hogeling, congratulou-se pelo desfecho, ainda que este não traga toda a vida plena que Nouri tinha até àquele verão de 2017. «É ótimo que tenha sido feito um acordo entre a família e o Ajax. Isso deu a Abdelhak segurança financeira para a vida toda», afirmou, em declarações à televisão estatal NOS.

Edwin Van Der Sar e Mohammed Nouri, pai de Abdelhak (Ajax)

Além do acordado, o Ajax, que é adversário do Benfica nos oitavos de final da Liga dos Campeões, decidiu eternizar o número 34 de Nouri, que «nunca mais será utilizado, a não ser que a família Nouri e ao Ajax queiram abrir uma exceção juntos».

O pai de Abdelhak Nouri, Mohammed, também citado em comunicado do clube, salientou, no meio do sofrimento, «o envolvimento e compromisso do Ajax». «Foi extremamente importante em todos estes anos. O Ajax tem sido uma parte inseparável das nossas vidas, desde os primeiros anos de juventude do Abdelhak. É bom que a discussão sobre a responsabilidade e as consequências seja coisa do passado e que possamos olhar para a frente juntos. Isso concentrar-se-á principalmente nos grandes planos que temos com a Fundação Abdelhak Nouri. Também queremos fazer jus à importância que Abdelhak tem, junto com o Ajax. Anunciaremos a fundação e os planos num futuro próximo», referiu.

A situação neurológica de Nouri não mudou desde novembro. Conforme anunciou a família na altura, num dos últimos esclarecimentos, os cuidados são extremos e intensivos, dia e noite. Nouri consegue comunicar com expressões faciais e também expressa emoções, rindo e chorando.

«As deficiências significam que Abdelhak depende permanentemente dos cuidados dos outros e que não foi capaz de mostrar como a sua promissora carreira como jogador de futebol ter-se-ia desenvolvido», disseram, no início de 2021, os advogados Lucas Hogeling e John Beer.