É inegável a influência de Jorge Jesus na carreira de Enzo Pérez. Os dois trabalharam juntos no durante três anos no Benfica, período no qual o técnico do Flamengo decidiu recuar o argentino para o meio-campo.

«Recordo-me que cheguei da seleção e que o Benfica tinha vendido o Witsel e estava para vender o Javí García. Cheguei, [o Jorge Jesus] chamou-me ao gabinete e estivemos a falar. 'O único médio defensivo com as caraterísticas que eu quero és tu, se não estiveres preparado, eu dou-te condições para isso’», começou por contar o argentino, em entrevista ao site da Libertadores.

«Disse que não tinha problemas em fazer o papel, mas que tinha de entender porque a maior parte da carreira tinha jogado por fora e jogar por dentro era diferente. Ele respondeu-me 'não te preocupes, vou fazer com que a tua carreira seja melhor e se prolongue'. Todos os dias assistia a vídeos, com a tábua e os ímanes, mostrava-me vídeos dos duplos «cinco» que havia tido e qual era o funcionamento deles, porque jogávamos igual, em 4-4-2. Foi-me marcando coisas em treinos, trabalhos de equipa e individuais, para me saber posicionar. Um obsessivo, um louco», acrescentou o jogador agora no River Plate.

O internacional albiceleste admitiu que sentiu dificuldades nos primeiros jogos e realçou o papel do treinador português.

«Nos primeiros quatro ou cinco jogos, corria para todo o lado, mas nunca estava perto da bola. Corria mais no campo e quando queria tocar na bola tinha dois e três jogadores adversários à minha volta. Perdia a bola, não a conseguia transportar para o avançado, ocupava mal os espaços, não tinha a noção que hoje tenho. Terminava os jogos e ele abraçava-me e dizia: ‘hoje partiste tudo, foste espetacular’. Só pensava que tinha sido um desastre. Em vez de tocar 50 vezes na bola, tocava dez e cinco dessas eram más», revelou o médio.

Enzo Pérez veio a tornar-se no melhor da sua posição em Portugal, em 2014, e tira boas ilações do trabalho com o treinador português.

«Por minha imposição e dele, tinha de continuar a melhorar, e foi assim em toda a época de 2013, 2014 e, no final desse ano, fui o melhor da Liga na posição. Na verdade, o que ele me ensinou e o entendimento que sempre mostrámos foi muito bom», concluiu. 

Enzo saiu da Luz para o Valência, assumindo-se como figura no meio-campo do conjunto «che».