O Barcelona viaja na próxima semana para Munique com uma vantagem de três golos conseguida, uma vez mais, com recurso à magia de Leonel Messi. O argentino desatou o nó ao apontar dois golos e ainda patrocinou a assistência para o golpe de misericórdia conferido por Neymar.

Esta crónica começa ao contrário do que é habitual. De trás para a frente.

Minuto 80: Barcelona 1-0 Bayern Munique. Messi recebe a bola ainda fora da área, encara Boateng, dá-lhe um nó cego e à saída de Neuer pica a bola por cima do gigante bávaro. Foi este o momento da noite que catapultou o astro argentino para a liderança dos melhores marcadores de sempre da Liga dos Campeões com 77 golos, deixando para trás o português Cristiano Ronaldo (76).

Neuer ergueu o muro

Os mais de 99 mil adeptos que encheram Camp Nou só vibraram com golos na segunda parte, mas terão visto melhor futebol durante os primeiros 45 minutos.

Guardiola entrou em jogo com uma defesa a três, formada por Benatia, Boateng e Rafinha (na esquerda) e sofreu com isso nos instantes iniciais devido à pressão sufocante que o Barcelona fazia imediatamente à saída da área bávara.

FILME DO JOGO BARCELONA-BAYERN MUNIQUE

O Bayern só não começou a perder mais cedo a eliminatória porque tem um verdadeiro muro de betão a guardar a baliza.

Neuer negou dois golos cantados a Luis Suárez e Dani Alves, e foi segurando o nulo na fase de maior acerco dos catalães.
Os campeões alemães não conseguiam libertar-se da teia montada por Luis Enrique e Guardiola foi obrigado a refazer o setor mais recuado para uma linha de quatro.

A equipa começou, então, a respirar melhor e até construiu uma soberana oportunidade para marcar, mas Robert Lewandowski não encostou o pé da melhor maneira na bola.
Os bávaros equilibraram as contas e deixou de haver espaço para as penetrações de Suárez, Neymar e companhia.

A magia da camisa 10


Jogou-se pior durante os segundos 45 minutos, numa segunda parte em que o Bayern começou ascendente, traduzido pela gestão de posse de bola que tanto carateriza o estilo do seu treinador.

Oportunidades é que nem vê-las.

A melhor amostra de um lance perigoso na etapa complementar pertence à equipa da casa e resulta de um lançamento a procurar a velocidade de Neymar que, no entanto, foi anulado por Neuer.

Antes disso apenas um remate de Messi e outro de Thiago Alcântara (que desviou em Iniesta) obrigaram os guarda-redes a mostrar trabalho.

De resto, tudo muito encaixado até que apareceu o génio. Messi!

Dani Alves aproveitou (mais) um erro na saída do Bayern, colocou a bola no argentino e o resto é o costume: remate forte e colocado que só parou no fundo da baliza de Neuer.

Estavam decorridos 77 minutos.

Pouco depois Messi apontou o segundo, no tal lance genial com que começa a crónica, e na compensação, com o Bayern todo balanceado no ataque, colocou Neymar na cara de Neuer para 3-0 final, agudizando as dificuldades dos alemães em jogar longe do Alianz Arena, onde já não vencem para a Liga dos Campeões desde Outubro.

Está uma pedra sobre a eliminatória e o Bayern terá de realizar uma exibição sublime para tentar discutir um lugar na final de Berlim.

Mas não será fácil, até porque, como se viu, do outro lado há artistas capazes de inventar um mundo numa nesga de terreno.