Em Portugal e não só. O fim de semana que passou prometia mas foi mais longe, com três mudanças na frente em três campeonatos, a relançar os dados em algumas das principais Ligas. Trocas de líder nesta fase são pouco comuns e lutas renhidas como em Portugal, Inglaterra e Alemanha são nesta altura exceções entre os campeonatos europeus.

Por cá a vitória no Clássico do Dragão permitiu ao Benfica passar o FC Porto, que tinha cinco pontos de vantagem há quatro jornadas. As águias levam dois pontos à melhor antes das últimas 10 jornadas da Liga, com vantagem também em caso de igualdade no confronto direto. Nada está ainda decidido e nem é preciso recuar muito para encontrar campeões nacionais que não eram líderes à 24ª jornada: só na última década aconteceu três vezes.

Por outro lado, são três casos que reforçam a ideia do peso dos duelos diretos na luta pelo título: em todas essas ocasiões foram confrontos entre candidatos a «virar a mesa». A última vez foi há três anos, quando o Sporting tinha nesta altura um ponto de vantagem sobre o Benfica. A reviravolta aconteceu na ronda seguinte, precisamente com o triunfo do Benfica no dérbi, que lançou os «encarnados» para o título. Em 2012/13 a diferença à 24ª jornada era ainda maior, quatro pontos do Benfica para o FC Porto, com menos rondas por disputar, num campeonato a 16 equipas. A reviravolta aconteceu no clássico do Dragão à penúltima jornada, com o triunfo no golo de Kelvin no último suspiro que daria o título ao FC Porto.

Na época anterior era o Sp. Braga que liderava por esta altura, com um ponto de vantagem sobre o FC Porto e dois sobre o Benfica. Logo na ronda seguinte a equipa então liderada por Leonardo Jardim perdeu com o Benfica e ficou para trás. Na 26ª jornada recebia o FC Porto, perdeu e descolou da luta, numa ronda em que também o Benfica perdeu o dérbi com o Sporting e ficou igualmente para trás. Em duas jornadas, o FC Porto lançou-se para o título.

O duelo em Portugal, ficou claro nas últimas semanas, será a dois, com o Sp. Braga a sete pontos da liderança e o Sporting a 10. Vai decidir-se entre as únicas duas equipas que foram campeãs nos últimos 17 anos e que dividiram entre si os últimos dez títulos. Pelo contrário, nos outros dois grandes campeonatos que viraram nesta ronda, anunciavam-se ventos de mudança.

Em Inglaterra, o Liverpool liderou desde o início de dezembro em busca de um título que não vence desde 1990, que nunca ganhou desde que existe Premier League. Chegou a ter sete pontos de vantagem sobre o Manchester City, que se aproximou antes de mais com a vitória no duelo com os «reds» e aproveitou depois a quebra de rendimento da equipa de Jurgen Klopp, que cedeu quatro empates nos últimos seis jogos. O último deles foi no dérbi com o Everton de Marco Silva e acabou por significar a perda da liderança para o campeão em título, que leva agora um ponto de vantagem, quando faltam jogar nove jornadas.

Também aqui restam poucas dúvidas de que será uma luta a dois: o Tottenham, terceiro, está a 10 pontos da liderança. E também aqui está tudo em aberto, embora a liderança nesta altura tenha peso histórico. Na Premier League só por duas vezes na última década o campeão não era líder a nove jornadas do fim (2013/14 e 2011/12). E em ambas foi o City a conseguir a ultrapassagem. 

Se esta luta mano a mano é uma novidade na história recente da Premier League, que nas últimas quatro temporadas teve sempre por esta altura um líder já bem definido, é mais ainda na Alemanha, onde a hegemonia do Bayern, só quebrada em 2010/11 e 2011/12 pelo próprio Dortmund, redundava numa vantagem já confortável dos bávaros no início do último terço da Bundesliga.

Foi e está a ser diferente este ano. O Borussia Dortmund seguiu muito tempo na frente, foi líder desde a 6ª jornada e chegou a ter nove pontos de vantagem sobre o Bayern Munique. Parecia lançado para tentar quebrar a hegemonia do hexacampeão, aproveitando o arranque mais irregular dos bávaros, com novo treinador. Mas nas últimas semanas entrou em perda, baixou o rendimento e ganhou apenas um dos últimos cinco jogos do campeonato.

A derrota de sexta-feira com o Augsburgo consumou a aproximação do Bayern, que não vacilou e goleou na visita ao Gladbach, que era terceiro classificado,. Estão os dois iguais na frente, quando faltam 10 rondas, e têm duelo direto marcado para Munique daqui por quatro jornadas, no início de abril. O terceiro, que é agora o Leipzig, está a nove pontos. O campeonato alemão é ainda menos propenso a mudanças de liderança daqui para a frente, aconteceu apenas por uma vez na última década, em 2008/09, num campeonato atípico que terminou com o Wolfsburgo campeão.

Os passeios de Juve e PSG e o Barça a arrumar o Real

Olhando Europa fora, Portugal, Inglaterra e Alemanha são os três campeonatos com a discussão do título mais renhida nesta altura, não há nada que se compare. Duas das outras cinco grandes Ligas estão aliás no extremo oposto, aliás também com resultados marcantes neste fim de semana. Em Itália, a Juve cavou ainda mais o fosso no duelo direto com o segundo classificado: venceu na visita ao Nápoles e abriu uma vantagem de 16 pontos na frente, quando faltam 12 jornadas!

Mais desnivelado só o passeio do PSG em França. Leva 17 pontos de vantagem sobre o segundo classificado, o Lille. E tem um jogo a menos que os perseguidores, com 12 jornadas ainda pela frente.

Em Espanha também foi uma jornada definidora, ainda que não na luta pelo título. O Barcelona manteve sete pontos de vantagem para o At. Madrid, segundo classificado, mas com a vitória no Bernabéu arrumou de vez o Real Madrid, que está a 12 pontos.

O confortável líder-surpresa na Turquia e a vantagem de Paulo Fonseca

São da Juventus e do PSG as maiores vantagem nos principais campeonatos europeus, embora haja vários com tendência já forte: na Escócia o Celtic lidera com oito pontos sobre o Glasgow Rangers e na Turquia a vantagem do líder é a mesma, mas bem mais contra a corrente. O líder é o Istambul BB, com oito pontos a mais que Galatasaray e 13 sobre o Besiktas, numa época atípica em que o Fenerbahçe anda a lutar para não descer. Na Ucrânia, o Shakhtar Donetsk de Paulo Fonseca leva sete pontos de vantagem sobre o Dínamo Kiev, tantos quanto o PAOK na Grécia, com o Olympiakos de Pedro Martins na segunda posição.

Entre os campeonatos com menor diferença, o Zenit leva três pontos na frente no campeonato russo, mas ainda só se jogaram 18 jornadas. Na Holanda o PSV Eindhoven vai na frente com mais cinco pontos que o Ajax, que tem no entanto menos um jogo. Adiou a partida desta ronda para ter mais tempo para preparar a decisão dos oitavos de final da Liga dos Campeões com o Real Madrid, uma medida que a Liga holandesa justificou com a importância de somar pontos para o ranking da UEFA mas que não agradou ao PSV.