A FIFA afastou os responsáveis pela Comissão de Ética que investigaram casos como os de Joseph Blatter e Michel Platini. Uma decisão contestada pelo próprios, que dizem representar o «fim das reformas na FIFA».

A decisão foi tomada pelo Conselho da FIFA antes do Congresso do organismo, marcado para esta quinta-feira, ao anunciar que haverá eleições para vários orgãos, incluindo os dois de supervisão ética. São afastados o suíço Cornel Borbely, até aqui presidente da câmara de investigação da Comissão de Ética, e o alemão Hans Joachim Eckert, que era o responsável pela secção de julgamento.

Foram as duas figuras dos vários processos que investigaram corrupção no interior da FIFA e que levaram nomeadamente às suspensões dos antigos presidentes Josep Blatter e Michel Platini. Borbely era já assistente de Michael Garcia, o jurista norte-americano que investigou as alegações de corrupção na atribuição dos Mundiais de 2018 e 2022. Eckert já ocupava o cargo que agora deixa e foi ele quem desvalorizou o relatório de Garcia e ilibou o processo dos Mundiais das suspeitas de corrupção.

«O trabalho da comissão de ética não convinha a alguns altos funcionários e responsáveis da FIFA», afirmou Borbély numa conferência de imprensa no Bahrain, onde decorrerá o congresso, e que também contou com a presença de Eckert. Antes, ambos os juristas tinham emitido um comunicado em que falavam numa decisão «obviamente politicamente motivada» e criticaram claramente os actuais responsáveis da FIFA, agora presidida por Gianni Infantino: «Parece que a hierarquia da FIFA valorizou mais os seus próprios interesses políticos do que os interesses da longo prazo da FIFA.»

O Conselho da FIFA já designou os sucessores de Eckert e Borbély. Serão o grego Vassilios Skouris e a colombiana Maria Claudia Rojas, respetivamente.

O Conselho da FIFA anunciou várias outras medidas a serem aprovadas pelo Congresso. Entre elas a mudança do prazo temporal para entrega dos seus prémios anuais. Deixam de ser anuais e passam a premiar uma época. Assim, os troféus relativos a 2016/17 serão entregues numa gala a 23 de outubro.

Cristiano Ronaldo é o atual detentor do prémio de melhor do mundo, que sofre a segunda alteração em pouco tempo. No final de 2016, depois da separação da France Football, a FIFA criou novos prémios, a que chamou «Best». Mas premiaram na mesma os melhores do ano civil.

O Conselho definiu também processos relativos às candidaturas à organização do Mundial 2026, o primeiro com 48 seleções. Confirmou que há até agora uma proposta de candidatura conjunta do Canadá, México e Estados Unidos, mas definiu um prazo até agosto para que surjam novas candidaturas. As quais terão de ser provenientes da Concacaf, Conmebol, Confederação africana e da Oceânia. Ficam excluídas nesta fase a UEFA e a Ásia, que organizam a competição em 2018 e 2022. Mas a FIFA admite que também possam concorrer numa outra fase se não for selecionado entretanto nenhum candidato.

Também foram confirmados os lugares a atribuir a cada confederação no Mundial a 48 equipas, que pode recordar aqui