O treinador do Bolonha, Sinisa Mihajlovic, deu esta sexta-feira uma conferência de imprensa emocionada, a primeira desde que anunciou que tinha leucemia e fez transplante de medula.
A conferência começou com a entrada dos jogadores na sala, algo que o técnico não esperava. «Não deviam estar no campo? Estão sempre a fazer surpresas. Fazem tudo para não treinar», disse, a brincar, Sinisa Mihajlovic.
O capitão Blerim Dzemaili falou em nome dos jogadores e equipa técnica: «Dizer que sentimos saudades é pouco. Estamos muito contentes que estejas de volta connosco. Sabemos que nesta altura não estás tão contente connosco, mas vamos fazer com que voltes a estar», afirmou o jogador, em referência aos resultados da equipa.
Numa conferência de imprensa com apenas uma câmara, porque o técnico não pode estar numa sala com muita gente por motivos de saúde, Sinisa Mihajlovic agradeceu «o carinho» que recebeu durante estes últimos quatro meses e recordou a última vez em que esteve frente aos jornalistas. «Foi no dia 13 de julho, quando anunciei a minha doença.»
«Nestes quatro meses difíceis, conheci médicos extraordinários e enfermeiros que me curaram, apoiaram, porque sei que tenho personalidade forte e às vezes um pouco difícil, mas eles sempre foram maravilhosos comigo», explicou, dizendo que queria «agradecer a todos, de coração.»
«Passei quatro meses e meio fechado num quarto de hospital sozinho com ar e água filtrada. O meu maior desejo era um pouco de ar fresco, mas não podia. Nunca me senti um herói», disse o treinador sérvio.
«Sou apenas um homem que nunca desiste, mas apenas um homem com as suas fragilidades. Não se pode ultrapassar estas doenças apenas com coragem, é preciso tratamento. E foi isso que eu disse ao entrar no hospital. ‘Estou no sítio certo’», disse Sinisa Mihajlovic, deixando um apelo a quem estiver a passar por uma doença séria: «Não há vergonha em ter medo, em chorar, em desesperar. Só não podem perder a vontade de viver.»
«Chorei muito nestes quatro meses, já não tenho mais lágrimas», disse o treinador, mas, ainda assim, elas apareceram durante a conferência no momento em que agradeceu à mulher: «Tens mais coragem do que eu.»
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