Uma equipa de futebol debaixo de ataque, um jogador ferido e os restantes em choque. Esta deveria ter sido a noite em que a vitória da Juventus sobre o Barcelona faria todas as manchetes, mas acabou por ser a terça-feira em que o Borussia Dortmund sofreu uma ofensiva deliberada. Autor e motivo por revelar, ainda, apesar de uma carta encontrada no local que reclama a autoria. Um ataque que feriu Marc Bartra, internacional espanhol que teve de ser operado a uma das mãos.

Os acontecimentos ao longo da noite e o cenário internacional que se vive no mundo fizeram levantar suspeitas de um ataque terrorista, mas as autoridades alemãs não confirmaram essa hipótese. Nem essa, nem a possibilidade de um ato de adeptos rivais.

A UEFA cancelou o jogo e marcou-o para esta tarde. Ainda que a bola vá rolar, o episódio já ensombrou os quartos de final da Champions 2016/17. Não é a primeira vez que sucede.

Outros jogos cancelados: por segurança e solidariedade

O incidente desta terça-feira não foi o primeiro direcionado a uma equipa de futebol. No CAN 2010, por exemplo, um ataque ao autocarro da seleção do Togo, em Cabinda, Angola, originou três mortos e nove feridos.

Comitiva do Togo regressou a casa e não disputou o CAN 2010

Na Turquia, dezembro último, 38 pessoas viriam a falecer na sequência de um ataque terrorista nas imediações do estádio do Besiktas, horas depois do jogo com o Bursaspor.

Na memória, ainda, as explosões junto ao Stade de France, nos ataques de Paris, cujos desenvolvimentos levaram também a UEFA a cancelar o Alemanha-Holanda e do Bélgica-Espanha nos dias seguintes.

Em 2001, aquando do 11 de setembro, a UEFA também cancelou jogos, em solidariedade com os ataques nos EUA. O FC Porto-Juventus foi um deles. O hotel dos italianos teve, inclusive, de ser evacuado.

Um ano depois, em 2002, duas bombas da ETA feriram mais de uma dezena de pessoas, nos arredores do Santiago Bernabéu, horas antes da meia-final entre Real Madrid e Barcelona para a Liga dos Campeões desse ano.

Nesse dia, UEFA, clubes e autoridades espanholas decidiram prosseguir com o encontro.

Meia-final entre os rivais desenrolou-se mesmo apesar do ataque da ETA horas antes

Tentativa de homicídio, diz a polícia

Os casos anteriores foram declarados atos terroristas. O desta terça-feira não. As autoridades germânicas encontraram uma carta a reivindicar a autoria do ataque, admitem uma «tentativa de homicídio» e deixam todos os cenários em aberto.

A bola vai rolar no Westfallenstadion, provavelmente sem Marc Bartra. O central espanhol sofreu ferimentos numa das mãos e foi operado. E o diretor-executivo Hans-Joachim Watzke explicou que os futebolistas estavam «em estado de choque» com o sucedido. É essa equipa que entrar em campo nesta tarde, às 17h45 portuguesas, a hora a que se vai disputar o primeiro encontro entre Dortmund e Mónaco, um jogo antecipado como um festa do golo e que está já assombrado sem se ter dado um único pontapé na bola.

Juventus-Barcelona: é como subir os Alpes

Houve futebol suspenso em Dortmund, mas houve jogo a sério em Turim. Ali, Dybala apontou a um futuro de Bola de Ouro e assumiu-se como estrela maior da Vecchia Signora. A Juventus venceu o Barcelona por 3-0 e apesar de os catalães serem a equipa que mais vezes viraram este resultado nas provas europeias (três ocasiões: Ipswich, 1977; Anderlecht, 1978; Gotemburgo, 1986), parece que desta vez têm os Alpes para subir.

Dois golos do argentino, apontado como sucessor de Messi, e uma cabeçada de Chiellini meteram os culés em novo esforço épico. Os 3-0 de Turim são menores do que a goleada sofrida em Paris, nos oitavos de final. O Camp Nou já assistiu a remontadas tremendas. Mas dir-se-á também que a Juve não é o PSG.

Dybala superou brilhou mais do que todos os outros em Turim

Os bianconeri levam 48 jogos seguidos sem perder em casa. A Udinese foi a última equipa a lá vencer e quando se remete as partidas para as provas europeias encontra-se a última derrota em abril de 2013. Há quatro anos, portanto. Junte-se a isto o facto de a Juve nunca ter sido eliminada após vantagem de três golos e a caminhada do Barça para chegar a Cardiff é uma escalada das mais difíceis que já se viu.