Jesualdo Ferreira foi o nome mais aplaudido na Vila Belmiro na noite desta quinta-feira, na entrada em campo para a estreia no Santos, frente ao RB Bragantino, que terminou com um nulo. Sinal da expectativa em torno do treinador português que vai orientar o vice-campeão brasileiro e que chega ao Brasil depois do sucesso estrondoso do seu velho conhecido Jorge Jesus no Flamengo. Agora serão de novo rivais, dois portugueses à frente de dois dos grandes do Brasil. Esse duelo virá mais para a frente. Por agora jogam-se os Estaduais, com Jesualdo no banco no Paulista e Jesus a deixar o Carioca para segundo plano, para se concentrar na Libertadores e nas Supertaças do Brasil e Sul-Americana. Vem aí muito por que jogar, para ambos.

Foi assim a chegada de Jesualdo e da sua equipa técnica portuguesa ao relvado na Vila Belmiro em dia de jogo. Na véspera, depois de um treino aberto aos adeptos, o treinador português reconheceu que estava a viver um momento especial, naquele que já tinha assumido ser «o último maior desafio» da sua carreira. Esta é uma primeira vez que mexe consigo «de forma diferente», disse, o que não é coisa pouca aos 73 anos e com quatro décadas de carreira.

Jesualdo treinou os três «grandes» em Portugal, tem três títulos de campeão nacional, correu mundo e foi campeão no Egito e no Qatar, tem experiência como poucos. Num perfil diferente de Jorge Jesus, oito anos mais novo mas também ele com um longo percurso que fala por si. Na chegada ao Brasil, Jesualdo dizia que os dois eram os treinadores portugueses mais titulados e falava da amizade que foram construindo e que levou a que falassem antes de Jesus rumar à Arábia, onde ele estava, e que voltassem a encontrar-se no início do ano em Lisboa, quando Jesualdo já tinha assinado pelo Santos, a selar com um almoço a antecipação dos duelos em campo do lado de lá do Atlântico.

Não é fácil o caminho que espera Jesualdo Ferreira, numa equipa que superou expectativas no ano passado, sob o comando de Jorge Sampaoli, perdeu alguns jogadores importantes e não demonstrou até agora grande poder de ação no mercado de transferências. E com um calendário que começa desde já a acelerar.

Por enquanto joga-se o Paulista, onde o Santos procura voltar a conquistar o título que ganhou pela última vez em 2016. Uma competição que já teve tempos mais populares, como quase todos os Estaduais, mas que ganha dimensão neste arranque de época em que quase todos os principais clubes mudaram de treinador: além do Santos, o Palmeiras também mudou, tendo ido buscar de novo Vanderlei Luxemburgo, tal como o Corinthians, que foi buscar Thiago Nunes, o técnico que ganhou a Taça Sul-Americana de 2018 e a Taça do Brasil de 2019 com o Athletico Paranaense.

A primeira fase do Paulista decorre até ao início de abril, altura em que começarão a disputar-se os quartos de final, com a final prevista para 26 de abril. Mas pelo meio começa a Taça Libertadores. O Santos está na fase de grupos, com estreia marcada para 3 de março, na Argentina, frente ao Defensa y Justicia, num Grupo G que conta ainda com os paraguaios do Olímpia e os equatorianos do Delfín.

Jesus, o Fla alternativo no Carioca e mais títulos já à vista

Antes do fim de abril ainda há a Taça do Brasil, onde o Santos e também o Flamengo entram a partir dos oitavos de final. E depois começa então o Brasileirão, com arranque marcado para 3 de maio e ainda sem o calendário definido.

O Flamengo de Jorge Jesus tem um calendário ainda mais intenso, mas o treinador que foi campeão brasileiro e sul-americano no ano passado já afastou alguma da pressão. Com o plantel principal ainda de férias, depois do frenético final de 2019 que incluiu a conquista da Libertadores e o Mundial de clubes, é o treinador dos sub-20 do Fla, Maurício Souza, quem está a orientar uma equipa alternativa no Carioca.

A equipa principal só volta ao trabalho na próxima segunda-feira e apenas deve entrar em competição na Supertaça do Brasil, marcada para 16 de fevereiro. Logo a seguir tem novo título em jogo, na Supertaça Sul-Americana, frente ao Independiente Del Valle, que se joga a duas mãos, a 19 e 26 de de fevereiro. Pelo meio há a decisão da primeira volta do Carioca, a Taça Guanabara, se o Flamengo alternativo lá chegar.