Afastado dos relvados desde novembro do ano passado, quando rescindiu contrato de forma amigável com o Palmeiras, Ramires evita ainda falar em pendurar as botas. Aos 34 anos, o antigo internacional brasileiro quer continuar a jogar, se possível no Brasil.

«Não estou reformado, estou a analisar algumas situações. Surgiram já algumas coisas de longe, mas não pretendo sair do Brasil agora. Regressei para o meu país depois de tantos anos fora, estou a estabilizar-me e a fazer algumas coisas aqui. Há muita coisa a chegar de boca, nada de oficial, trazidas por alguns empresários. Não há nada de concreto neste momento. Vamos ver…», revelou o experiente médio, em entrevista ao Maisfutebol.

No Verdão, Ramires foi dirigido por Abel Ferreira, com quem acabou por criar uma forte ligação, especialmente em conversas privadas. O treinador português foi fundamental no trabalho mental do ex-jogador de Benfica e Chelsea, que sofreu psicologicamente com as fortes críticas dos adeptos nas redes sociais e, por isso, resolveu interromper o vínculo (era válido até 2023).

«Tive uma conversa muito aberta com o Abel antes de rescindir. Já tinha tomado a decisão de sair, então, prontamente, ele disse-me que apoiaria, independentemente da situação. Ele queria muito a minha permanência, mas infelizmente já não dava mais para mim. Depois, ainda tivemos mais conversas, sobretudo durante o surto de Covid-19 no plantel. Estava decidido a sair, mas o Abel chegou e disse: "Ramires, se precisar de você para entrar na equipa, você entra? Você joga? Com a cabeça boa?". Respondi: “Mister, se você precisar de mim, pode contar comigo. Para jogar apenas o último minuto da partida? Eu jogo. Vou entrar e jogar. Quero ajudar, faço parte do grupo”. Joguei então algumas partidas, sempre com ele a dizer: “Vamos lá, cara! Você pode!”», explicou.

«Recebi vários elogios do Abel, mas já estava mesmo decidido a sair e rescindir o contrato. É uma pessoa que ajudou-me muito, muito mesmo. Ele poderia ter-me deixado de lado, não me ter usado, mas aí, talvez, eu tivesse saído do clube pelas portas do fundo. Ajudou-me a sair do Palmeiras pela porta da frente. Saí do Palmeiras pelas portas da frente», completou.

Atual campeão da Taça Libertadores e da Taça do Brasil, tendo ainda ficado recentemente com o vice-campeonato do Paulistão (perdeu a final para o São Paulo), Abel Ferreira é, segundo Ramires, «um profissional de enorme caráter».

«É difícil não gostar do Abel. Ele apanhou uma equipa com muita qualidade e tem extraído o melhor dos jogadores. Ajudou-me imenso no Palmeiras. Tivemos diversas conversas, muitas vezes francas e verdadeiras. É um profissional de enorme caráter. Trabalhámos pouco tempo juntos, mas criei uma grande admiração por ele. Conhece muito de futebol, compreendeu o que é o Palmeiras, tem um mérito muito grande no sucesso recente do clube. Implementou em pouco tempo muita coisa interessante, e os jogadores souberam perceber tudo», finalizou.

Pode ler mais da entrevista de Ramires em que o médio fala de Benfica, Jorge Jesus e Chelsea na edição da MF Total deste fim de semana.