O fim-de-semana de futebol no Brasil ficou manchado pelas invasões de campo que ditaram o final dos jogos entre o Ceará e o Cuiabá, no Brasileirão, e o Sport-Vasco, da Serie B, na noite de domingo.
O jogo entre o Ceará e o Cuiabá (equipa treinada pelo português António Oliveira), terminou mais cedo, em tempo de compensação, no Arena Castelão, após uma invasão de campo por parte de centenas de adeptos, no duelo da 32.ª jornada do Brasileirão.
O Ceará sofreu golo aos 82 minutos e chegou ao empate no segundo de nove minutos de compensação, altura em que, segundo o GloboEsporte, começou a confusão na bancada. Perante isso, alguns adeptos fugiram em direção ao relvado para não serem apanhados na revolta. Porém, depois, alguns invadiram mesmo o relvado para tirar satisfações com jogadores do Ceará.
Luiz Otávio, jogador do Ceará, foi o único que continuou em campo para tentar falar com os adeptos, tendo acabado escoltado pelas forças de segurança para sair do terreno de jogo. Várias crianças tiveram mesmo de ser retiradas pelos seus familiares, ao colo. A polícia utilizou balas de borracha e gás-pimenta.
Não há registo, até ao momento, de feridos graves, mas o Globo dá conta ainda de que foi precisa assistência médica a alguns adeptos.
Já no acesso aos balneários, e por falta de segurança, o árbitro Caio Max declarou o final da partida, que terminou com empate, 1-1.
Como António Oliveira viveu o momento
Após o jogo, o treinador português António Oliveira contou como viveu toda a situação.
«O pânico gerou-se. O jogo ainda estava a decorrer e eu abandonei. Tenho de proteger-me a mim e aos meus. Quando cheguei ao balneário, tinha mensagens da minha mulher, dos meus filhos, dos meus pais e da minha irmã. É natural a preocupação, eles acompanharam o jogo. O futebol não é isto. É paixão, é amor, é um jogo fantástico que move multidões, que gera emoções e que nunca vai ter espaço para violência. O futebol deve ter um conjunto de princípios e valores, catapultados para uma forma de estar e ser na vida, não um espaço para as frustrações das pessoas, onde vai brotar toda a raiva numa sociedade cada vez mais difícil e carente de valores», afirmou António Oliveira, à imprensa brasileira.
Golo do Vasco originou confusão em Recife
Em Recife, no duelo entre o Sport e o Vasco, a equipa da casa vencia por 1-0 quando, em tempo de compensação, o Vasco dispôs de um penálti assinalado com recurso ao vídeo-árbitro. Raniel fez o 1-1 no marcador e a confusão começou nos festejos do golo, feitos perto da claque organizada do Sport.
A reação dos fãs da equipa da casa deu-se através de uma invasão de campo na qual, segundo a imprensa brasileira, o portão que separa a bancada do relvado foi quebrado, tendo sido agredidos elementos de segurança e bombeiros que estavam em serviço. Houve mesmo bombeiros que foram agredidos a darem, mais tarde, tratamento a adeptos que ficaram mal-tratados na Ilha do Retiro.
O jogo foi dado como terminado com o 1-1 no marcador quase uma hora depois do início da confusão.
Ceará, tribunal e CBF reagem
Em comunicado, o Ceará já repudiou os «factos ocorridos» no jogo com o Cuiabá e deixou «um pedido de sinceras desculpas» aos adeptos.
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) também reagiu aos acontecimentos nos jogos, prometendo «medidas enérgicas para que não aconteçam mais episódios de violência no futebol brasileiro».
A Confederação Brasileira de Futebol, através do seu presidente, Ednaldo Rodrigues, mostrou indignação com os casos, pedindo «punições drásticas».