No Chile, o futebol não para. Depois da organização da Copa América, no verão, começa o Mundial sub-17 em terras chilenas, com o pontapé de partida a ser dado na cidade de Coquimbo.
 
São 24 equipas jovens à procura de vencer a competição e alcançar os holofotes da fama, num torneio que costuma ser a rampa de lançamento para muitos jovens e cujo vencedor é sempre incerto. Apontar favoritos num Mundial sub-17 é um risco, mas olhando para a história e para as últimas edições temos que colocar a Nigéria (recordista de títulos, com 4 vitórias), o Brasil e o México na linha da frente.
 
A bola começa a rodar no Chile neste sábado, 17 de outubro, e o campeão só será conhecido a 8 de novembro, num torneio que não contará com a presença de Portugal.
 
Os percursos de Nigéria e Brasil, os mais titulados
 
Os africanos estão no Grupo A, juntamente com os anfitriões Chile, a Croácia e os Estados Unidos. Apesar de serem os campeões em título, e de nesta competição terem dado a conhecer muitas estrelas como Kanu ou Babayaro, será difícil replicar os feitos. Surpreendentemente, os africanos foram quartos classificados no CAN sub-17, que dava acesso ao Mundial, e a atual geração não dá garantias de sucesso, como noutros tempos.
 
Dos seus adversários destaque para a Croácia, que está invicta há 11 jogos oficiais, tendo eliminado a Itália, no play-off do Campeonato da Europa, que dava «bilhete» para o Chile. Já os da casa procuram um brilharete, já que são a seleção menos cotada deste grupo e que somou por derrotas os jogos na competição sul-americana de apuramento, que realizou de forma amigável, pois teve acesso direto por ser o organizador.
 
Por último, os Estados Unidos, que regressam à competição, depois de a terem falhado em 2013. Os americanos farão a 15ª presença, em 16 edições da prova. Para se apurarem tiveram de eliminar a Jamaica na qualificação. Foi, nesta competição, que apareceu Landon Donovan, a grande estrela do  soccer, no ano de 1999, naquele que foi o melhor desempenho desta seleção (4º lugar).
 
No Grupo B ficou o Brasil, tendo como adversários a Inglaterra, a Coreia do Sul e a Guiné Conacri. A  Canarinha não alcança o pódio desde 2005 e a última vez que levantou o troféu foi em 2003. A maior figura é Leandro, avançado do Ponte Preta, que marcou 8 golos na qualificação sul-americana (da qual foram vencedores), mas este Brasil tem um grande defeito: o aspeto defensivo. Apesar de ter sido o segundo melhor ataque, os brasileiros tiveram a segunda pior defesa do apuramento, com 14 golos.
 
Dos seus adversários, a mais forte será, teoricamente, a Inglaterra, que eliminou a Espanha no play-off do Campeonato da Europa. Não é uma competição com história para a equipa europeia, mas serão sempre uma seleção a ter em conta. A Guiné Conacri aterra no Chile com a vitória por 3-1 frente à Nigéria, no jogo de 3º e 4º do CAN, como cartão-de-visita. Eliminaram Marrocos e o Togo para conseguirem estar no Chile, o que deixa bons indicadores. Na Coreia do Sul estão, e serão o principal foco, dois jovens do Barcelona que estiveram na origem do castigo aos  Culés, da não inscrição de jogadores. Foram segundos na qualificação asiática, com apenas uma derrota, na final, frente à vizinha e rival Coreia do Norte.
 
Serão estes os dois grupos que irão dar os primeiros toques na bola da competição com a Inglaterra a enfrentar a Guiné Conacri, no jogo inaugural, e o Chile a fechar o primeiro dia, numa partida frente à Croácia.
 
Cuidado com o Grupo C
 
No segundo dia entra em campo o México, que foi finalista na última edição em 2013 (com Raul Gudiño e Omar Govea, do FC Porto) e vencedor em 2011. Este Grupo C será o «grupo da morte» do torneio, já que a representante da CONCAFAF terá a companhia de Argentina (vice-campeã sul-americana), Alemanha (vice-campeã europeia) e Austrália.
 
Os mexicanos são os únicos campeões do mundo do grupo, mas Argentina e Alemanha são rivais à altura. Os germânicos são vice-campeões europeus e procuram fazer história numa competição, em que os melhores resultados são dois 3ºs lugares, em 2009 e 2011. Toni Kroos e Emre Can estavam nestas seleções. Os argentinos são a seleção que mais campeonatos de sub-20 venceu, mas nunca ergueram o troféu neste escalão.
 
Tal como a  Mannschaft, a Argentina nunca ultrapassou o terceiro lugar e a última vez que o conseguiu foi em 2003, com Garay, Gago e Biglia na equipa. Os australianos são o «patinho feio» do grupo e repetir o feito de 1999, em que foram finalistas e perderam com o Brasil nas grandes penalidades, parece uma missão impossível.
 
Nos restantes três grupos, destaque para o Grupo E que conta com a estreante África do Sul, a surpreendente Coreia do Norte, que venceu a Taça das Nações Asiática (torneio que dá a qualificação) e com a Rússia, que foi semifinalista no Europeu e que procura vencer pela primeira vez a competição, já que só foi campeã mundial como União Soviética, em 1987. A Costa Rica é a seleção que completa o grupo.
 
A campeã da Europa, França, vai tentar dar seguimento ao título europeu. No Grupo F deverá ter vida facilitada com a Síria, Nova Zelândia e Paraguai. O Grupo D pauta-se pelo equilíbrio entre Bélgica, Mali, Equador e Honduras e o desfecho será o mais imprevisível de todos, com os belgas a terem ligeiro ascendente, depois da boa prestação na competição europeia.
 
Portugal não conseguiu «bilhete»
 
Na Europa é através do Euro sub-17 que as equipas conseguem a qualificação para este Mundial. Os semifinalistas da competição apuram-se diretamente, enquanto as quatro equipas derrotadas nos quartos-de-final disputam um playoff, onde duas se apuram. Ora, como Portugal nem o apuramento para o Campeonato da Europa conseguiu, não estará presente no Chile.
 
A última participação portuguesa foi em 2003, onde a seleção foi eliminada nos quartos de final pela Espanha, numa derrota por 5-2. Nessa equipa, que tinha sido campeã da europa nesse mesmo ano, havia nomes como João Moutinho, Vieirinha, Bruno Gama, Paulo Machado, Miguel Veloso, Manuel Fernandes ou Márcio Sousa.