A China pediu esta terça-feira que se pare de «politizar» o caso da tenista Peng Shuai, cujo paradeiro foi dado como incerto desde o início de novembro, depois de uma revelação da atleta nas redes sociais na qual acusava o antigo vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de abuso sexual.

«Acho que algumas pessoas deviam parar de usar deliberadamente esta questão para fins hostis e, especialmente, transformá-la numa questão política», disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, em conferência de imprensa, numa reação oficial excecional ao escândalo sexual que visa o antigo alto quadro do Partido Comunista Chinês (PCC).

Lijian, contudo, não especificou exatamente a quem se dirigiram as declarações desta terça-feira.

O caso em torno de Peng Shuai, que acusou Zhang Gaoli de forçá-la a ter relações sexuais há três anos, motivou uma onda de reações a nível mundial, desde a tenista Naomi Osaka até à ONU, que pediu explicações sobre o desaparecimento da jogadora de 35 anos. Também vários países ocidentais, como França, Estados Unidos e Reino Unido, pediram a Pequim para esclarecer a situação.

Até ao momento, apesar de questionado quase que diariamente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China recusara comentar o assunto, afirmando que não se tratava de uma questão diplomática.

Peng Shuai apareceu no domingo, durante uma videoconferência com o presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, a garantir que está bem. Também no fim-de-semana, vários jornalistas chineses de órgãos de comunicação social controlados pelo Governo difundiram imagens de Peng Shuai a assinar bolas de ténis e a posar para as câmaras durante um evento desportivo e ainda num restaurante. Porém, a data das imagens não foi esclarecedora para se perceber onde Peng Shuai está e se está em liberdade.

Steve Simon, presidente da Associação de Ténis Feminino (WTA) considerou as imagens como um «sinal positivo», mas também uma prova insuficiente para mostrar que Peng está em liberdade. «Embora seja positivo vê-la, não está claro se está livre e se pode tomar decisões por si mesma, sem ser forçada ou por interferências externas. Esses vídeos são insuficientes. Como deixei claro desde o início, estou muito preocupado com a saúde e a segurança de Shuai e também porque as suas alegações de abuso sexual foram censuradas e empurradas para debaixo do tapete», frisou o responsável da entidade que gere o circuito profissional feminino.

A WTA ameaçou retirar os seus negócios da China se o regime do Presidente Xi Jinping não esclarecer as acusações de Peng. O caso continua a ser um tabu na imprensa oficial e nas redes sociais na China.