O presidente do comité organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Yoshiro Mori, afirmou esta terça-feira que o evento vai ser cancelado se a pandemia da covid-19 estiver descontrolada. A garantia foi deixada no mesmo dia em que a comunidade médica nipónica defendeu que a realização da prova, adiada para 2021, depende da existência de uma vacina contra o novo coronavírus.

Mori referiu, em declarações ao jornal japonês Nikkan Sports, que «os Jogos terão de ser cancelados» se a pandemia ainda estiver em andamento. «Não há outro adiamento para além de 2021 e, se não forem realizados naquele ano, não haverá outra solução senão cancelar os Jogos», apontou.

O presidente da Associação Médica do Japão, Yoshitake Yokokura, defendeu, em conferência de imprensa, que «os Jogos Olímpicos só serão possíveis se a infeção estiver sob controlo, não apenas no Japão, mas em todo o mundo». «Na minha opinião, será difícil realizar os Jogos a menos que sejam desenvolvidas vacinas eficazes», considerou Yokokura, sem adiantar se se opõe à sua realização sem que se tenha encontrado uma cura ou um medicamento.

Eliminar cerimónias de encerramento e abertura

Yoshiro Mori apontou também, esta terça-feira, à eliminação da cerimónia de encerramento dos Jogos Olímpicos e da cerimónia de abertura dos Jogos Paraolímpicos, para reduzir despesas. A proposta do presidente do comité organizador de Tóquio é realizar uma cerimónia de abertura geral no início dos Jogos Olímpicos, programada para começar em 23 de julho de 2021, além de uma cerimónia de encerramento, também geral, no final das Paraolimpíadas, que terminam a 5 de setembro.

O organizador admitiu não ser uma mudança fácil, dado que ainda não se sabe se os comités olímpicos e paralímpicos internacionais estão de acordo ou o que fariam com os bilhetes já vendidos das cerimónias que seriam eliminadas. «Espero que todos os envolvidos percebam que o adiamento para 2021 é o primeiro na história das Olimpíadas», lembrou o nipónico, não quantificando o custo económico adicional causado pelo adiamento.

Na última semana, um professor japonês de doenças infeciosas manifestou dúvidas quanto à possibilidade de os Jogos Olímpicos decorrerem dentro de 15 meses. «Estou muito pessimista na realização dos Jogos Olímpicos no próximo verão, a menos que decorram de uma forma totalmente diferente, sem espetadores e com uma participação muito limitada», considerou Kentaro Iwata, professor de doenças infeciosas da Universidade de Kobe.

A professora de Saúde Global da Universidade de Edimburgo, Devi Sridhar, também partilhou da ideia que a realização dos Jogos de Tóquio pode depender da descoberta de uma vacina e que isso se aplica também aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, em 2022, na China.