Os clubes europeus pagaram aos empresários qualquer coisa como 254 milhões de dólares (185 milhões de euros) em comissões nos últimos dois anos. Um montante que corresponde a apenas 14,6 por cento de todo o dinheiro envolvido na contratação de jogadores naquele período. Estes são os principais resultados de um estudo apresentado esta terça-feira pela Associação de Clube Europeus (ECA) que, desta forma, procurou demonstrar, que o atual sistema de transferências, apesar das muitas críticas da parte dos jogadores, até funciona razoavelmente bem.

O estudo publicado pela ECA abrange o período de 2011 a 2013 e demonstra que a grande maioria das transferências, cerca de 73 por cento, não implicaram o pagamento de comissões. O estudo surgiu depois das muitas criticas que a FIFPro, máximo representante dos jogadores europeus, dirigiu ao atual sistema de transferências, que classifica como «ilegal», chegando mesmo a pedir a intervenção do Tribunal Europeu de Justiça

Os representantes dos clubes têm outra visão sobre o sistema de transferências. «Vimos outro estudo há uns meses e notámos muitas imprecisões, por isso decidimos explicar, a partir de dentro, como é que as coisas funcionam O que descobrimos é que o o atual sistema de transferências funciona para os objetivos para que foi desenhado, apesar da visão da FIFPro», destacou Umberto Gandini, dirigente do Milan e vice-presidente da ECA.

«A grande maioria das transferências são com jogadores sem contrato, o que demonstra que a Lei Bosman está a ser aplicada e que não há restrição ao movimento de jogadores. Não entendemos porque razão, quando estamos abertos ao diálogo, que a FIFPro tem de ir para tribunal sempre que não gosta de qualquer coisa», acrescentou.

A ECA admite, por outro lado, que o sistema não é propriamente perfeito. Os empresários continuam a ficar com uma grande fatia do bolo e os clubes admitem que esses valores têm de ser revistos e que até podem ser mais elevados. Se juntarmos os valores pagos pelos clubes às quantias que os próprios jogadores entregam aos empresários, os valores em causa podem subir exponencialmente.

Ivan Gazidis, diretor do Arsenal, assume que os clubes têm uma boa parte da responsabilidade destes desvios para os empresários, mas também diz que os jogadores têm de equacionar os valores que entregam aos respetivos representantes. «Claramente há muito dinheiro a ir para o bolso dos empresários nesta transações e nós, como clubes, somos parte do problema, porque de facto pagamos esses valores», destacou.

«A maioria dos clubes gasta até o que não pode...se eu fosse jogador ou membro do sindicato de jogadores, ficaria muito preocupado. Os jogadores deviam receber mais dinheiro e uma parte do dinheiro que vai para os empresários devia ir para os jogadores. Mais importante do que os valores das comissões é o conflito de interesses que muitas vezes existe nas transações quando metem empresários», destacou ainda o representante da ECA.