O presidente do Barcelona, Joan Laporta, insistiu esta terça-feira que o clube catalão não vendeu mais do que os 5 mil bilhetes regulamentares a adeptos alemães do Eintracht Frankfurt e apontou à existência de «um grupo especializado em revenda de bilhetes que conseguiu o seu objetivo», numa «ação irregular» que desencadeou uma enchente germânica em Camp Nou, na passada quinta-feira, no jogo da segunda mão dos quartos de final da Liga Europa.

«Mais de 27.201 pedidos de compra [de bilhetes] foram feitos desde a Alemanha e o sistema transbordou. Também houve uma utilização indevida dos bilhetes de época. É uma estimativa, não há certezas porque não há controlos de vendas, mas bilhetes de época também foram parar a mãos de alemães. Custa-nos imaginar que um sócio ou associado com lugar anual a entrada a adeptos rivais, mas aconteceu», referiu, em conferência de imprensa.

O chefe de segurança Lluis Venteo sublinhou que a preocupação em torno de Camp Nou e da entrada no estádio era com os 5 mil adeptos do Eintracht que tinham bilhete garantido, mas que a situação tornou-se inesperada.

«A nossa preocupação eram os 5 mil que faziam parte dos grupos ultra do Eintracht, mas há que reconhecer que, com os drones, vimos que a situação não era a esperada. Os portões estavam cheios de adeptos alemães e percebemos que os indicadores não eram os ideais. Havia uma avalanche de alemães», apontou.

Laporta, que sublinhou que o Barcelona é o máximo responsável do que aconteceu, mas que «não vendeu entradas a alemães», disse, por outro lado, que a situação podia ter sido pior caso não se tivesse permitido a entrada aos adeptos alemães que não se esperava que tivessem bilhete.

«A maioria foram entradas compradas [ndr: por adeptos do Barcelona] que acabaram em mãos de alemães. A segurança estava focada nos 5 mil, mas foi uma avalanche, com 30 mil alemães. A revenda a adversários é irregular, mas aconteceu. É certo que podíamos ter feito melhor, mas nas reuniões com a UEFA diziam-nos que os outros vinham sem bilhetes. Não foi assim e estamos num debate com a UEFA e há que apontar responsabilidades. Estávamos preocupados ao ver tantos alemães em torno do estádio. Se tivéssemos impedido a entrada, talvez lamentássemos agora o que podia ter acontecido», referiu Laporta, que na sexta-feira já tinha anunciado que as entradas em jogos do Barcelona nas competições europeias serão, para futuro, nominais.

Laporta expôs ainda que terão sido cerca de 14 mil, entre sócios que compraram bilhete e entre os que têm lugar anual, os ingressos a acabar em adeptos do Eintracht.

«Há 7.400 sócios que compraram entradas com desconto de 50 por cento, eram 22 euros com desconto e acabaram nas mãos de alemães. Não podemos assegurar, mas acreditamos que uns 7.000 lugares anuais foram parar a alemães, mas não é número exato. Os dos sócios que compraram entrada e que foram para alemães, sim [7.400]», partilhou, garantindo que o clube vai tomar medidas para que isto não aconteça no futuro.