O futebolista ganês Emmanuel Badu, do Hellas Verona, é um dos milhares que está em confinamento em Itália, devido à pandemia da covid-19, tendo já vivido um drama adicional além da doença que está a afetar o país. Em março, o jogador de 29 anos perdeu a irmã em Berekum, no Gana, e não pôde ir ao país natal fazer a última homenagem, após o próprio ter ficado às portas da morte no início desta época.

«Quase morri, tive uma série de lesões e depois perdi a minha irmã de forma muito dolorosa. É muito difícil para mim e para a minha família. O tipo que baleou a minha irmã está à solta, ainda não o apanharem, porque as coisas estão lentas devido a este vírus. Foi um desastre», começou por dizer Badu, num relato à BBC, esta semana.

«Estou num quarto há 34 dias. A minha irmã foi morta dolorosamente e eu não consegui ir ver o que se passou [ao Gana]. Vivo sozinho em Verona. A minha namorada e o meu filho não estão aqui comigo, no meio desta pandemia. Preciso de agradecer à minha família, amigos, à equipa e ao meu agente. O meu treinador ligou-me todos os dias para ver como eu estava, assim como o diretor desportivo e o presidente. Foram todos espetaculares», acrescentou o antigo campeão do mundo de sub-20, em 2009, que teve o português Bruno Fernandes como colega, na Udinese.

Badu detalhou depois o problema de saúde que, na última pré-época, quase lhe tirava a vida. O médio ficou cerca de quatro meses afastado dos relvados e só jogou em janeiro. Em 2019/2020, leva apenas participação em quatro jogos.

«Em agosto, quase morri. Estávamos na pré-época, tudo estava a correr bem. Foi a uma semana de a época começar. Na manhã após um jogo, fui ao ginásio para fazer algum trabalho. À noite, cheguei a casa e senti dificuldades em respirar. Ao início, não levei a sério. Pensei que era só cansaço. Na manhã seguinte, deram-me analgésicos, mas a noite seguinte foi ainda pior. Às duas da manhã liguei ao meu médico e, felizmente, ele estava acordado. Enviou-me um fisioterapeuta que estava perto, ele veio e disse imediatamente: “precisamos de ir ao hospital”. Descobrira que eu tinha um coágulo sanguíneo nos pulmões. Tive de deixar de jogar futebol três a quatro meses. Foram tempos dramáticos ara mim. Foi muito sério, penso que se não tivesse o fisioterapeuta e o médico a avaliarem-me, que teria sido um desastre», considerou Badu, que também já jogou nos turcos do Bursaspor.