Em tempos de pandemia global, e com as competições interrompidas, os grandes clubes europeus e mundiais mostram o seu caráter solidário. Em Espanha, o segundo país do mundo com maior número de infetados e de mortes, o Atlético de Madrid decidiu utilizar os seus meios para apoiar os mais idosos, o escalão etário mais fragilizado face à covid-19.

Os «colchoneros» pretendem transmitir a ideia de que os idosos nunca estarão sozinhos e colocaram desta forma o seu departamento de apoio aos sócios, composto por funcionários com maior tempo de antiguidade no clube, e começou a contactar cerca de 1245 associados com mais de 75 anos de idade, existindo mesmo o caso de um sócio de 95 anos.

A função deste departamento passa por manter o contacto com estes idosos, e para já os contactos telefónicos foram bem sucedidos: contactou-se 350 associados a quem foi questionado o estado de saúde atual e transmitidas palavras de amor e carinho, revelando aos mesmos que o Atlético está disponível para ajudar no que necessitem.

Foi esse o caso de Laureano, sócio número 150 do Atlético de Madrid, que nesse contacto por telefone disse aos funcionários do clube que está a fazer o seu confinamento cercado de livros que os seus filhos lhe deram para passar as horas. Segundo elementos do Atlético, este associado ficou tão feliz por ser contactado que pediu que não hesitassem em ligar de novo.

Também Ángel, sócio número 17, residente em Huelva com a sua família, foi contactado. Na conversa revelou que, perto de completar 90 anos de idade, acabou de renovar a carta de condução e ainda tem tempo para se lembrar do desejo de ver futebol novamente... e o seu Atlético, claro. 

São muitos os telefonemas com histórias marcantes como a de Maria Pilar, sócia número 1.392, que, aos 92 anos, não perde uma partida da equipa «colchonera» na companhia da sua sua irmã de 83 anos: «O futebol dá-me vida», disse. No tempo que tem cuida do seu jardim como se fosse o próprio relvado do Estádio Wanda Metropolitano.

Também existem casos difíceis como é o de José, associado 1.958 do Atlético que está em casa aos 90 anos. Sua esposa de 86 anos acabou de ter alta do hospital, mas não pode estar o marido até que esteja totalmente recuperada. A solidão é um factor comum a vários destes sócios com esta iniciativa a tentar trazer, sobretudo companhia, por parte do seu clube de coração.

Mas não é com os idosos que o Atlético de Madrid se está a preocupar. Também os deficientes, com cerca de 154 sócios nestas condições sinalizados, são alvo da atenção do clube.Já foram efectuados contactos telefónicos com cerca de metade deles e estes vão prosseguir nos próximos dias para demonstrar que o Atlético espera por eles quando o surto do novo coronavírus passar.

Isso mesmo foi expresso por um desses associados: "Espero que nos vejamos em breve no estádio, será o melhor sinal", disse.

Espanha é neste momento o segundo pais do mundo onde se verificou o maior número de infetados, 124,736 e também o segundo a nível mundial onde se verificaram mais mortes, perto de 12 mil, devido à pandemia da covid-19.