Aos 29 anos Paulinho parece estar a viver uma segunda vida ao serviço do Barcelona. O internacional brasileiro faz questão de frisar essa ideia em entrevista ao jornal «Guardian», para além de ter revelado que pensou deixar o futebol quando tinha 19 anos.

«O meu empresário ligou-me para falar acerca de um eventual interesse do Barcelona. Respondi que se houvesse algo de concreto, sentávamo-nos e decidíamos. Ainda tinha mais três ou quatro anos de contrato. A minha ideia era simples: ou ia para o Barcelona ou ficava na China. Estávamos a disputar a fase a eliminar da Lia dos Campeões asiática e o Scolari queria que ficasse, mas sabia que era uma oportunidade única. Tenho 29 anos e estávamos a falar do Barcelona», conta.

Ao final de quatro meses na Cidade Condal, Paulinho já realizou 21 jogos, tendo apontado seis golos. As dúvidas aquando da sua contratação foram, naturalmente, dissipadas: «Já ouvi dizer que estou a calar os críticos, mas sinto que não tenho de provar nada. Não jogo para os críticos, jogo para os meus companheiros de equipa. Durante três/quatro anos decidi não ouvir nada. As pessoas vão sempre falar. “Só era bom porque estava na China” ou “agora está bem porque está no Barcelona”, sempre ouvi isso. Mas sempre mantive essa atitude desde os tempos em que jogava no Bragantino.»

Nesta longa entrevista, o atual jogador do Barcelona recordou o período da carreira em que vestiu a camisola do Tottenham.

«Villas-Boas contratou-me no início a época 2013/14 e foi embora em dezembro. Ele conversou comigo para assinar pelos spurs, mas seis meses depois era o Tim Sherwood que estava no cargo. Não houve nenhum problema com ele, era um bom treinador, mas a equipa não estava bem e foi pressionado a inverter o rumo dos acontecimentos. Joguei os últimos oito jogos da época, depois veio Mauricio Pochettino. Apenas no primeiro jogo colocou-me a jogar na minha posição, depois joguei em várias outras posições. Pochettino tinha um sistema diferente e se não jogas na tua posição num campeonato tão competitivo como o inglês…. Jogava na ala esquerda. Nunca tive nenhum problema como Pochettino», relembrou, antes de explicar o momento em que decidiu sair de Londres.

«Achei que tinha chegado o momento de partir. Para onde? Não sabia, mas queria ir embora. O treinador não confiava em mim pelo que não havia razão para continuar. Faltava um mês para acabar a época e falei com o presidente [Daniel Levy] e perguntei se não havia nenhuma proposta por mim. Tive ofertas de clubes europeus, mas era por empréstimo e não queria ser cedido. Não vou dizer coisas negativas sobre o futebol inglês apenas porque passei um mau momento. Foi um prazer ter jogado no Tottenham, mas preferi sair para o Guangzhou.»

As transferências de jogadores de clubes europeus para a China, sobretudo quando estão na plenitude dos seus recursos, é vista como um recuo na carreira. O médio canarinho lembra que o deram como um «jogador acabado» e que agora é presença na seleção do Brasil e no onze do Barcelona.

«Fui do Brasil para o Tottenham e de lá para a China, porque queria jogar. 2014 foi um ano muito difícil, tal como 2015. Ouvia toda a gente dizer “A carreira do Paulinho acabou”. Todos disseram que tinha acabado. Na China venci seis títulos e no espaço de ano regressei à seleção. Agora jogo no Barcelona, o futebol é mesmo assim. É uma montanha russa, nunca ninguém me deu uma oportunidade e agora estou aqui», rememora.


Por último, Paulinho admitiu ter ponderado deixar o futebol quando tinha 19 anos: «Com 19 anos disse que não queria jogar mais futebol. Na Lituânia tinha sido alvo de racismo, na Polónia não recebi e pensei “não preciso disto”. Informei a minha família mas a minha esposa disse-me que a única coisa que sabia era jogar futebol.»