Atualmente no Al Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, Carlos Carvalhal não esquece o futebol português, nem deixa de estar atento à atualidade.

Em entrevista à rádio Marca, o antigo treinador do Sp. Braga abordou vários temas, entre eles o porquê se a Liga portuguesa não conseguir acompanhar o campeonato espanhol, já que são vizinhos.

«As pessoas gostam do clube e não tanto de futebol. É um grande problema no nosso país. A centralização dos direitos televisivos ainda não é uma realidade. Há uma distância entre Benfica, FC Porto e Sporting para as outras equipas. Não é muito competitivo e ninguém gosta de um campeonato onde sabes o que vai acontecer antecipadamente», defendeu.

«O Sp. Braga tem vindo a aproximar-se dos três clubes, mas enquanto não houver a centralização dos direitos televisivos, Portugal será sempre um campeonato de sobrevivência. Três clubes a tentarem ser campeões, o Sp. Braga a tentar aproximar-se, um ou outro para a Liga Europa e os restantes a tentar não descer», continuou.

Entre os jogadores que já orientou, Carvalhal destacou Marat Izmailov e João Moutinho, e depois virou agulhas para os futebolistas portugueses e para o Mundial que se aproxima.

«Costumo dizer que o futebol português é um milagre. Debaixo de uma pedra saem todos os anos dois/três jogadores. Nunca Portugal teve tantas opções e tantos jogadores a jogarem em grandes campeonatos. Há muita qualidade na Seleção. O selecionador tem muita variabilidade de jogadores, que jogam em grandes clubes de Espanha, Inglaterra, Itália. Seremos naturalmente candidatos ao Mundial, mas penso que favoritos não.»

João Félix como Cristiano Ronaldo

Um desses talentosos jogadores que apareceram nos últimos anos foi João Félix, para quem Carvalhal reserva elogios: «Creio que está preparado para liderar o Atlético de Madrid. As características de um jogador como Félix não se adaptavam muito ao estilo de Simeone no início. Essa foi a grande dificuldade. A realidade é que sinto que Félix se transformou noutro jogador, como o Cristiano Ronaldo fez. Agora o Félix é mais trabalhador, mais forte e mais adaptado ao estilo de Simeone. Pode ser o seu ano, tem toda a capacidade para isso.»

Por falar em Ronaldo, o treinador de 56 anos afirmou que o avançado e o seu empresário, Jorge Mendes, já terão uma decisão tomada quanto ao futuro, e revelou o que fazia se estivesse na pele do craque do Manchester United.

«Não acredito que vá para o Atlético de Madrid, mas não sei. Se estivesse na pele dele, se tivesse hipóteses, ia para o Bayern Munique. Outro país para ser campeão, com possibilidade de ser o melhor marcador, ganhar a Liga dos Campeões… mas isso sou eu, não faço a mínima ideia do que ele tem na cabeça», disse.

Trincão e Amorim

De resto, Carlos Carvalhal foi ainda questionado sobre Francisco Trincão, jovem que assinou pelo Sporting este verão, naquele que é o reencontro com Ruben Amorim.

«Trincão precisa de jogar e de confiança. Tem tudo. Vai evoluir muito como jogador, para mim tem muita capacidade. Gosta de jogar da direita para dentro, é muito forte a rematar. Na transição defensiva não é tão forte, mas penso que melhorou muito no Wolverhampton, com o Bruno Lage. E agora com a confiança de um treinador que gosta muito dele, o Amorim, vai fazer uma grande época. Talvez consiga regressar à Seleção Nacional.»