Xavi Hernández, antigo médio do Barcelona e agora a dar os primeiros passos como treinador, voltou a falar sobre a possibilidade de um dia vir a orientar o clube do coração.

«Agora que me iniciei como treinador, vejo-me capaz e tenho o sonho de voltar ao Barcelona. Já o disse em muitas ocasiões: considero o Barça a minha casa, a minha vida. Estou em aprendizagem e tenho aprendido muito como treinador aqui no Qatar. Claro que treinar o Barcelona é algo de outra dimensão e há que estar muito preparado», afirmou numa conversa com o youtuber DjMaRiio.

Xavi abordou diversos temas e deixou uma espécie de alfinetada no Real Madrid, rival de sempre dos catalães. «Quando o Barça ganhou a Champions, foi muito superior aos adversários. O Barça não pode jogar com essa sorte histórica que tiveram outros clubes. Tem de ser muito dominador e seguro de si mesmo [para ganhar]. A história diz que ganhou quando foi muito superior aos adversários.»

O ex-futebolista foi questionado se estava a referir-se ao Real. Xavi, disse que sim, admitiu que até o Barcelona teve essa sorte quando venceu a Liga dos Campeões em 2009 depois de se ter apurado para a final após um golo de Iniesta no tempo de compensação em Stamford Bridge diante do Chelsea quando jogava em inferioridade numérica, mas deu a entender que se tratou de um episódio isolado. «Refiro-me ao facto de não fazeres uma temporada boa em Espanha, ficares em quarto, quinto ou sexto e ganhares a Champions. O Barcelona não passou por isso, ao contrário do Real Madrid, e eu considero que isso é ter um pouco de sorte», destacou.

Xavi mostrou-se a favor do regresso de Neymar a Barcelona - «está entre os cinco melhores do Mundo» - e abordou levemente a saída de Cristiano Ronaldo do Real Madrid em 2018. «Um jogador como, ele, que marca 40 ou 50 golos por ano... claro que se sente a falta dele», apontou, referindo-se depois à quebra do Real no ano após a saída do internacional português. «Custa vê-los fragilizados. Foram poucas as vezes em que vimos o Real como no ano passado. Mas este ano está muito mais forte e tem jogadores de grande nível», apontou.

Iker Casillas foi também tema de conversa. O ex-guarda-redes do FC Porto, que poderá vir a liderar em breve os destinos da Federação Espanhola de Futebol, é também visto como alguém com capacidade para outro tipo de funções. «É um líder e pode ser um grande treinador», projetou.

Xavi identificou Gundogan, De Jong, Arthur, Kroos. Modric e Cazorla como os jogadores que mais se assemelham a ele, disse ter mais dificuldades em aceitar as derrotas agora que é treinador - «é difícil dormir e sofre-se o dobro» - e aproveitou para rebater um mito sobre a carreira. «Diz-me muitíssimo que não explodi até aos 28 anos, mas aos 23 ou 24 o meu futebol já era de alto nível», argumentou. «É normal que as pessoas sejam resultadistas. Quando não há resultados, as pessoas nem olham para ti. Como dizia Luis Aragonés, ninguém se lembra do segundo classificado. Na época de Guardiola toda a gente nos admirava por que jogávamos e ganhávamos. Com Espanha era o mesmo», recordou.