A selecção brasileira de sub-20 sagrou-se no passado domingo campeã sul-americana de futebol, mas a sua oitava vitória no torneio vem ensombrada por várias suspeitas quanto às idades dos seus jogadores. O técnico da equipa argentina, José Pekerman, foi o primeiro a levantar a voz. Seguiram-se outras queixas. 

«Quem nos assegura que o Brasil não tem jogadores para além da idade estabelecida?», perguntou José Pekerman, em declarações ao diário desportivo «Olé». Recordando o caso protagonizado por Sandro Hiroshi, o jogador brasileiro que alterou documentos para disputar o sul-americano sub-17 de 1997, em que a selecção canarinha conquistou mais um título, Pekerman lança a suspeita. «Daquela vez não houve sanções. Pergunto-me em que ficamos quando dizemos querer fair-play, se ninguém nos assegura que o Brasil não tinha jogadores mais velhos?» 

O dedo parece estar apontado, sobretudo aos empresários e os casos de irregularidades acumulam-se. Em 1999 ficou-se a saber que Bell jogou o Mundial de sub-17 com 19 anos e o jornalista que denunciou a história não tem dúvidas quanto aos culpados. «A culpa é dos empresários, que adulteram os documentos dos jovens para que se valorizem as selecções juvenis, mas a Federação Brasileira de Futebol controla pouco, a sua legislação não é clara e isso favorece a mentira», escreveu Paulo Cobos, no jornal «Folha de São Paulo». 

As suspeitas estão lançadas, mas o técnico brasileiro já respondeu à letra às acusações. «Agora não é altura para levantar essas questões. Mas vou dizer o que eu penso: se alguém tem uma suspeita mais ou menos séria sobre este assunto tão delicado, deveria denunciá-la, como lhe compete. Por outro lado, cada etapa tem o seu tempo de gestação, e este é o momento de festejar o último título que ganhámos», disse Carlos César ao diário «Olé».