O presidente da FIFA, Gianni Infantino, disse esta sexta-feira que «os que estão contra são os que estão no topo», em alusão a quem rejeita a ideia de os Mundiais de futebol realizarem-se de dois em dois anos, nomeadamente a UEFA e a Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL)

«Acontece em todos os setores, quando há reformas e mudanças. Aqueles que estão no topo querem que nada mude. Têm medo, talvez, que a mudança ponha em risco a sua posição de liderança», afirmou Infantino, que discursou na reunião das 54 federações nacionais africanas, no Cairo.

A Confederação Africana de Futebol (CAF) apoiou esta sexta-feira a ideia de a FIFA de realizar Mundiais de dois em dois anos e o presidente do máximo organismo internacional do futebol criticou os dirigentes europeus e sul-americanos pelo seu ceticismo. A CAF, cuja Taça Africana das Nações é bienal, é a primeira confederação continental a aprovar, oficial e publicamente, a intenção da FIFA, que está a consultar as diversas partes envolvidas e a analisar a possibilidade de alterar a periodicidade dos Mundiais, que se jogam de quatro em quatro anos.

As 21 finais de Mundiais desde a primeira edição, Uruguai 1930, foram sempre protagonizadas por seleções nacionais da Europa ou da América do Sul. No Mundial de 2022, no Qatar, vão estar pelo menos 18 equipas europeias ou sul-americanas, num total de 32 participantes.

A FIFA pretende ainda organizar torneios anuais de 48 seleções jovens, em vez dos Mundiais sub-20 e sub-17 de dois em dois anos, masculinos e femininos, segundo o antigo responsável técnico da França e do clube inglês Arsenal Arsène Wenger, atual diretor da FIFA para o desenvolvimento global.

Para 20 de dezembro, está convocada uma cimeira da FIFA (211 federações nacionais), com o objetivo de analisar possíveis mudanças dos calendários competitivos, designadamente a possibilidade de concentrar num único mês a qualificação para o torneio final dos Mundiais seniores. Tais mexidas, que a FIFA estima num acréscimo de receitas à volta dos três mil milhões de dólares (2,66 mil milhões de euros), só seriam feitas após o Mundial de 2026, a ser organizado conjuntamente por EUA, Canadá e México.