Os responsáveis máximos da polícia britânica prometeram, esta terça-feira, uma «mudança cultural» e desculparam-se junto das famílias das vítimas da tragédia de Hillsborough, onde 97 pessoas morreram em 1989 devido à sobrelotação do estádio em Sheffield.

«Pelo que aconteceu, como chefe da polícia, peço as mais sentidas desculpas. O policiamento errou tremendamente», disse Andy Marsh, chefe e diretor executivo do colégio de polícias.

O Conselho Nacional de Chefes da Polícia e o Colégio de Polícia publicaram uma resposta conjunta a um relatório publicado em 2017, no qual foram consultadas as famílias, tratando-se da primeira resposta de um grande órgão público ao documento.

O desastre aconteceu a 15 de abril de 1989, devido a uma sobrelotação em parte do estádio Hillsborough, em Sheffield, durante o jogo da Taça de Inglaterra entre Liverpool e Nottingham Forest. A maioria das vítimas perdeu a vida por esmagamento contra a vedação, pisadas ou sufoco.

Durante anos, as autoridades atribuíram culpas em relação ao sucedido aos adeptos e um primeiro inquérito avaliou as mortes como acidentais, mas as reivindicações dos familiares das vítimas levaram, em 2012, a uma reviravolta no processo.

Foram encontradas irregularidades e erros cometidos pelas autoridades, e já em 2016 um segundo inquérito determinou responsabilidades da polícia, dos serviços de ambulância e do Sheffield Wednesday, clube responsável pelo estádio.

Este relatório concluiu que o comportamento dos adeptos não contribuiu para a morte dos mesmos, num processo em que alguns polícias e um advogado foram acusados de tentarem subverter o curso da justiça, mas ninguém foi condenado.

O Conselho Nacional dos Chefes da Polícia e o Colégio da Polícia informaram que será revisto o código de ética da corporação, com um novo, que contemple a gestão de informação e o seu registo, para prevenir que não se verifiquem os mesmos problemas enfrentados após Hillsborough, cujas gravações se perderam ou foram destruídas.