A maior parte da Europa prepara-se para fechar a época de clubes, antes de a Rússia nos entreter com a Taça das Confederações e a Polónia com o Euro sub-21. O final de temporada nas 55 associações da UEFA é, normalmente, assinalado pela Taça nacional. Há exceções, porém, e alguma delas refletem a menor importância do troféu, não só em relação ao campeonato, mas sobretudo na comparação com outros países.

Neste fim de semana, vão jogar-se 13 finais. E quando acontece a Taça de Inglaterra, nenhuma é mais simbólica. A FA Cup abriu o caminho para que agora hajam provas idênticas disputadas tanto em Wembley, como num rochedo, para que haja finais com jogos tão apaixonantes como um dérbi de Belgrado ou um de Santa Coloma.

No entanto, nem todas as emoções são idênticas nas 55 associações. Nem todas são um dia de gigante festa como aquela que se espera que aconteça neste domingo, no Jamor, quando Benfica e V. Guimarães se defrontarem para a 77ª edição da Taça de Portugal.

Entre salvações e dobradinhas

Um dérbi que é muito mais do que isso. Arsenal e Chelsea jogam em Londres a última partida da temporada. Chegam lá com sensações diferentes e refletem o que muitas vezes acontece na dita final de uma taça.

«A Taça é sempre a segunda prova, o campeonato é o mais importante, é por esse que todas as equipas lutam.» Hugo Almeida venceu a taça em vários países e disputou a final em mais alguns. Não tem dúvidas qual é a prioridade, mas sublinha que «a Taça de um país serve muitas vezes de salvação da época».

Para o Arsenal, o dérbi em Wembley é isso mesmo. Depois de falhar o acesso à Liga dos Campeões ao fim de 20 anos seguidos a lá entrar, os gunners tentam amenizar os estragos ao tornarem-se na equipa mais vencedora da prova, em Inglaterra: tem 12, as mesmas do Manchester United.

Do outro lado, o Chelsea. Já campeão. «Dobradinha? A abordagem é sempre de máxima concentração, mas claro que com o moral de se ter sido campeão é sempre melhor», sublinhou Hugo Almeida ao nosso jornal.

A mais emblemática taça, até por ser a competição mais antiga do futebol, serviu de modelo para as outras. E agora, para além da FA Cup, há uma Copa por cada associação.

No Kosovo, o mais recente membro da UEFA, ela está marcada para 31 de maio e disputar-se-á entre o KF Llapi e o KF Besa Peje.

Neste fim de semana, a Rock Cup, a tal do rochedo, vai conhecedor o vencedor. Será o campeão  Europa FC ou o Lincoln Red Imps, onde atua o português Bernardo Lopes.

Belgrado vai viver um escaldante dérbi no sábado, enquanto domingo o estádio nacional de Andorra recebe o FC Santa Coloma-EU Santa Coloma, duas equipas que dividem uma localidade com três mil habitantes.

Na terra de adeptos fervorosos, a taça é quase banal

A última taça a ser decidida será a austríaca, agendada para 1 de junho. Mas já há 26 com vencedor encontrado. Hugo Almeida esteve na final da grega, pelo AEK, e perdeu para o PAOK. «Infelizmente, marcada pela violência», lamentou o internacional português.

Um ambiente distante, por exemplo, daquele que viveu nas duas DFB Pokal que disputou. «Em Portugal e na Alemanha é completamente igual! É de loucos, é uma grande e bonita festa», contou.

Hugo Almeida e Diego celebram pelo Werder Bremen

O avançado do clube de Atenas guia por entre as emoções que se vivem nalguns dos países em que jogou e cujas finais de taça disputou.

Os adeptos turcos são conhecidos pelo modo como vivem apaixonadamente os clubes, mas Hugo Almeida confessa que «na Turquia, a final da Taça é normal, totalmente diferente» daquilo que se vive no Jamor.

«É como se fosse mais um jogo e, se bem me recordo, também não a joguei numa cidade grande, ao contrário do que acontece em Berlim ou Lisboa, ou seja, não foi em Istambul», recordou, sobre o jogo que ocorreu em Kayseri.

Nessa partida, venceu a prova turca ao lado de Manuel Fernandes. Os dois voltariam a estar numa final da taça, mas na Rússia e como adversários: o médio pelo Lokomotiv Moscovo, o avançado pelo Kuban Krasnodar.  «Na Rússia também é um jogo mais normal», frisou Almeida.

Apesar de nem todas as finais de taça serem dias tão festivos como em Portugal ou Alemanha, as boas recordações ficam sempre.

«Com o FC Porto, não participei muito, ainda era jovem, estava numa fase de aprendizagem. No Bremen foi totalmente diferente. Jogava quase sempre, tive uma boa participação. Cheguei a duas finais, venci uma e perdi outra. Na que venci marcou o Ozil. Na Turquia vencemos em penáltis. Uma equipa em que jogava eu, Simão, Manuel Fernandes, Quaresma, Guti. Mas foi uma festa normal por termos vencido.»

«Aquilo do churrasco no Jamor é mesmo muito nosso, não é?»

Eintracht Frankfurt e Borussia Dortmund disputam a taça alemã neste sábado, naquele que é um dos principais jogos do dia.

«A final é no estádio de Berlim, é muito marcante, muito caricato para os alemães. É uma festa muito grande, desde a entrega da Taça», assegurou Hugo Almeida.

Ainda assim, entre a germânica e a lusa, Hugo Almeida escolheria voltar a disputar a nossa. «Sou português e por isso ir ao Jamor é especial. Em termos de espetáculo, a alemã é tremenda, mas o povo português é único e tem aquela coisa de ir fazer o churrasco no Jamor. É algo muito nosso, mesmo, não é?»

É pois. E é por isso que a o local é mítico e que gerações de futebolistas sonham em passar por lá pelo menos uma vez.

«Seria uma desilusão enorme ir à final e ela não ser no Jamor. Mesmo para o pessoal que está aí a aparecer», referiu o avançado.

Há futebolistas que sonham em passar lá pelo menos uma vez e que não passam. Mas podem fazê-lo noutros campeonatos. Nesta temporada, já alguns portugueses celebraram na taça do país em que jogam. Aqueles que estão no Apollon Limassol do Chipre, Manuel Fernandes na Rússia e ainda Paulo Fonseca e a equipa técnica que o acompanha na Ucrânia.

Eduardo (Chelsea), Gonçalo Guedes (PSG), Raphael Guerreiro (B. Dortmund) e André Gomes (Barcelona) podem acrescentar um troféu ao currículo neste sábado.

Assim como Bernardo Lopes (Lincoln Red Imps, Gibraltar), Emanuel Cabral (Fola Esch, Luxemburgo), Geraldo Alves, Filipe Teixeira e Ricardo Alves (Astra Giurgiu, Roménia) no domingo. Ou ainda Gonçalo Santos e Paulo Machado (D. Zagreb, Croácia) e Ricardo Alves (Olimpija, Eslovénia) na próxima semana.