O jogo contra o Aston Villa tinha terminado e era hora de festejar o título de campeão do Manchester City. No entanto, João Cancelo encontrou tempo e boa vontade, quiçá, para ajudar Ollie Gordon, um menino que é autista e que sofre de dispraxia.

O adepto dos «citizens», de dez anos, perdeu-se do pai aquando da invasão de relvado no Etihad e foi o internacional português quem o ajudou. Os pais de Ollie Gordon agradeceram o papel do lateral-direito e ajudaram o filho a enviar-lhe uma carta. 

«Ele desatou a correr. Ele tem autismo e não estava ciente dos perigos, mas sim entusiasmado e começou a correr. Ultimamente ele vai com o pai ao estádio. Eu estava a acompanhar o jogo pela televisão e vi o Lee [pai de Ollie] a correr pelo relvado, mas não vi o meu filho. Fiquei em pânico. O meu filho estava junto ao guarda-redes do Villa quando este foi agredido, é possível ver nos vídeos. Isso assustou-o, mas depois viu o Cancelo e foi ter com ele», começou por contar a mãe, Lauren, citada pelo Manchester Evening News

«O Cancelo puxou-o, envolveu-o com os braços, deu-lhe um beijo na testa e afastou as pessoas. As pessoas continuaram a empurrar-se e o meu filho estava apavorado. Ele não pode estar sozinho, infelizmente entrou primeiro no relvado e separou-se do pai. O Cancelo não só abraçou o Ollie como manteve os braços à sua volta, o que deu tempo ao meu marido para chegar à beira dele. Ele manteve-se com a cara encostada ao peito do Cancelo com todas aquelas pessoas a empurrarem-se. Um rapazinho sozinho no relvado... a história poderia ter sido completamente diferente. Aquele homem [Cancelo] deveria estar a correr e a celebrar a vitória, mas ao invés tirou tempo para cuidar de um pequeno rapaz», acrescentou. 

Com a ajuda de Lauren, Ollie escreveu uma carta a Cancelo para agradecer a sua «compaixão e bondade». «Antes o Cancelo era o seu segundo jogador favorito, agora é definitivamente o número um», disse a mãe. 

«Acho que não há palavras para agradecer ao Cancelo. Provavelmente ele nem sabe o quão importante foi. O Ollie diz que poderia ter morrido naquele dia. É verdade pelo tamanho das pessoas à sua volta, não teria hipótese. Do fundo dos nossos corações, não há palavras para agradecer ao Cancelo pelo que fez. (...) Assim que o meu filho abriu os braços para o pai, o Cancelo empurrou um tipo para abrir caminho. O Cancelo seguiu a sua vida e não tivemos oportunidade de lhe dizer o quão agradecidos estamos pelo que fez», concluiu. 

Por vezes, os heróis calçam chuteiras.