A história é triste, dura e incrível, mas apesar de tudo tem tido desenvolvimentos bem mais felizes do que o possível fim em dezembro de 2008. Pertence a Darren Way, atual treinador do Yeovil Town, adversário do Manchester United nos 16 avos de final da Taça de Inglaterra, que a contou à BBC.

Um dia, numa ida tão simples às compras para a nova casa, a viatura em que seguia como passageiro sofreu um embate contra outro carro e mudou-lhe a vida. Partiu um fémur, a rótula de um joelho, um cotovelo e a anca e teve de terminar a carreira de jogador, aos 29 anos.

Passou 2009 numa cadeira de rodas, mas a batalha continua. Voltou a andar, mas desde aí vive um longo e moroso processo de recuperação. «Sinto-me um sortudo por estar vivo. Já fui operado 28 vezes às minhas lesões e tenho mais cirurgias pela frente. Tenho uma marcada para depois do encontro com o Manchester United», disse o técnico, que defronta Mourinho nesta sexta-feira.

Apesar disso, Darren Way não se lamenta. «Nunca sabemos o que a vida nos reserva», comentou, encontrando aspetos positivos no que lhe aconteceu: «A resiliência que ganhei após o acidente ajuda-me.»

«Antes já era bastante decidido e tinha força de vontade, depois do acidente isso multiplicou-se dez vezes», justificou, acrescentando: «Lutei contra tudo e contra todos para voltar a andar. Não é bom estar limitado a uma cadeira de rodas e não andar; mexer apenas um braço não é agradável.»

Por isso, o futebol também não lhe mete medo e na antevisão a este encontro disse querer que José Mourinho - que considera «o melhor» e com quem já esteve e tirou uma fotografia nos tempos do português no Chelsea -, ponha a melhor equipa em campo.
 
«Trato de não ter medo de nada. Se conseguirmos um bom resultado, ter jogado contra os melhores vai saber-nos ainda melhor», disse, acrescentando: «Às vezes as pessoas não sonham muito. Trabalhámos muito para chegar aqui e agora temos de aproveitar esta oportunidade. Não quero que os meus jogadores a percam porque provavelmente não voltará a acontecer.»
 
Perdendo ou ganhando, Way, que diz dever muito a Alex Fergunson porque o ajudou «no pior momento da carreira», realizará o sonho de defrontar Mourinho.