Tudo o que a Islândia fez neste Campeonato do Mundo até agora foi histórico.

O primeiro passe, o primeiro tackle, o primeiro lançamento lateral. O primeiro golo sofrido, o primeiro golo marcado. E o primeiro choque mundial.

A Islândia travou a Argentina, o estreante apagou a estrela.

Em campo estiveram duas ideias opostas, assim como um avançado e um guarda-redes, na hora de uma grande penalidade. Em Moscovo, neste sábado, também houve um penálti. Mas Lionel Messi atirou-o para as mãos de Halldorsson, o herói que veio do frio.

Salvio a lateral, Aguero num momento sublime

A partida ia jogar-se nestes termos: os argentinos com mais posse de bola, os islandeses confortáveis à espera deles. A Islândia é uma lição de defender. É certo que não tem a obrigação de vencer, embora esteja em campo para isso. Parece que se contenta com pouco, mesmo que isso seja igualar o resultado frente à vice-campeã do mundo.

A Argentina teve o benfiquista Salvio na lateral-direita, e, claro, teve Messi como referência. Todos o procuravam e quando não o faziam, buscava bola o próprio 10 argentino. Recuava para assumir jogo, tentava combinar no corredor central. A Argentina pouca largura tinha a nível ofensivo e foram muito raras as vezes que Salvio e Tagliafico se aventuraram na área contrária.

Aliás, o defesa do Ajax foi protagonista lá, mas numa bola parada a livre de Messi, que cabeceou para fora. Também estaria no 1-0, já depois de dupla ocasião islandesa. O lateral atirou para o meio da área, Aguero recolheu a bola e inventou um golo.

Sublime, mesmo, o tiro do Kun. De costas para a baliza, trabalhou para ter espaço, e, de rompante, disparou fortíssimo para a baliza de Halldorsson. A Argentina entrava em festa em campo e nas bancadas. Os islandeses permaneceram iguais.

Quase indiferentes, jogaram como sempre e pouco depois mostraram ao mundo que esta Argentina é talentosa à frente e um desastre atrás. O golo de Finnbogason, na recarga a tentativa de Gylfi Sigurdsson, mais do que um prémio para a abnegação islandesa foi um castigo para a falta de organização argentina.

Depois de ter descomplicado com o golo de Aguero, a Argentina teve de fazer reset e voltar-se para a frente, ainda que no final do primeiro tempo tivesse sido Caballero a evitar o 1-2 dos islandeses.

O penálti de Messi

Sampaoli lançou Ever Banega os 54 minutos. As melhorias começaram por ser ligeiras. Mas foram melhorias. O médio do Sevilha trouxe mais rapidez na posse de bola. Biglia estava muito ao lado de Mascherano e a Islândia estava mais do que confortável com o assunto.

Ora, com mais fluidez, um passe para a área islandesa levou Magnusson a derrubar Meza e Messi à marca de penálti. Com toda a Argentina a juntar mãos em oração, o 10 atirou. Halldorsson voou com capa de herói e evitou o golo.

Nos minutos seguintes, o jogo argentino ressentiu-se. E porquê? Porque Messi ficou visivelmente afetado e as ações seguintes ao penálti foram más. Raríssimo no argentino.

Ainda assim, e com Sampaoli a mexer sempre na vertente ofensiva, Messi voltou a ligar-se ao jogo e a ligar a equipa. Por uma vez, teve espaço no corredor central e num movimento típico disparou do meio. A bola foi para fora, como também foi uma tentativa, de pé direito, aos 90, já depois de Halldorsson ter defendido tentativa de Pavón.

A Islândia, estreante no Mundial, chocou o planeta do futebol. Já a Argentina deu poucos sinais positivos. A não ser que uma igualdade a uma bola, frente a islandeses, seja bom prenúncio de alguma coisa…