Numa altura em que milhares de iranianos têm saído à rua em protesto contra a morte de uma jovem à guarda da polícia, por não estar a usar corretamente o hijab, uma jornalista do SunSport relatou que foi impedida de trabalhar junto da comitiva da seleção do Irão, que está em estágio na Áustria, por não estar a usar a veste da doutrina islâmica.

Isabelle Latifa Barker tinha previsto entrevistar o selecionador, o português Carlos Queiroz, além de dois jogadores, mas a equipa de segurança do Irão exigiu que usasse um hijab. Sem nenhuma loja aberta nos arredores do hotel, improvisou com uma t-shirt preta e foi autorizada a fazer a reportagem.

«Nem queria acreditar no que me estavam a pedir e ainda pensei se deveria ceder ou fazer o meu próprio protesto. Mas tinha um trabalho a fazer e a minha única opção era concluí-lo», explicou ao The Sun.

Tal como fez, mais tarde, no Twitter, Isabelle vincou que Queiroz e os futebolistas «foram amigáveis e compreensivos».

«Irão contra Uruguai. Foi-me dito por um membro da equipa de segurança da seleção do Irão que teria de usar um 'hijab' antes de visitar a equipa no hotel. As lojas estavam fechadas então usei uma t-shirt. Não foi nada pedido quer por Carlos Queiroz ou pelos jogadores. Foi tudo observado de perto pela equipa de segurança do Irão», escreveu a jornalista.

Refira-se que os protestos pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, alastraram pelo menos para 40 cidades do Irão, com manifestantes a exigir o fim da violência e da discriminação contra as mulheres, além do fim do uso obrigatório do hijab.

De resto, já no último encontro do Irão, num particular diante do Uruguai, um espectador foi retirado do estádio por ter um cartaz com referências à morte da jovem.