O médio argentino Papu Gómez deixou a Atalanta em 2020, para ir para o Sevilha, depois de quase sete temporadas no clube italiano e agora, em entrevista ao jornal La Nación, disse que saiu porque que o treinador Gian Piero Gasperini o tentou agredir após ter desobedecido a uma indicação tática.

«Tive de sair do clube. Esperei por um pedido de desculpa do treinador que nunca chegou. Eu errei, assumo isso, porque num jogo da Champions contra uma equipa dinamarquesa desobedeci a uma indicação tática. Faltavam dez minutos para acabar a primeira parte e o treinador pediu-me para jogar na direita, mas eu estava a jogar bem na esquerda e disse que não. Imaginem responder isso ao treinador no meio de um jogo, com as câmaras… é normal que ele não tenha gostado. Percebi logo que ele me ia tirar ao intervalo. Mas no balneário ele passou dos limites e tentou agredir-me fisicamente», contou Papu Gómez.

«Nessa altura disse: ‘Basta’. Discutir, tudo bem. Mas uma agressão física é intolerável. Então pedi uma reunião com o presidente do clube [Antonio Percassi] e disse-lhe que não tinha problemas em continuar, aceitando que tinha errado: como capitão, não me portei bem, fui um mau exemplo ao desobedecer ao treinador. E disse ao presidente que precisava de um pedido de desculpa de Gasperini e que entendia que o presidente não podia aceitar que o treinador tivesse tentado agredir um jogador. No dia seguinte, houve uma reunião com todo o plantel. Eu pedi desculpa ao treinador e aos companheiros de equipa, mas não recebi nenhum pedido de desculpa dele», continuou o argentino.

«Então, como deveria ver aquelo? O que eu fiz de errado e o que ele fez estava certo? Foi aí que tudo começou. Alguns dias depois, disse ao presidente que não queria continuar na Atalanta a trabalhar com Gasperini. O presidente comunicou-me que não me ia deixar sair. Começou o mau ambiente e eu é que paguei: separaram-me do plantel e acabei a treinar com o plantel de reservas», acrescentou.

«Foi feio porque depois de sete anos largaram-me, depois de tudo que dei ao clube. Eles comportaram-se mal. O presidente não teve coragem de pedir ao treinador que simplesmente me pedisse desculpas. Foram muito maus comigo. E depois fecharam-me as portas do futebol italiano: não quiseram que eu fosse para nenhum dos grandes da Itália porque disseram que iam reforçar um rival direto. As ofertas vieram da Arábia e dos Estados Unidos e eles queriam mandar-me para lá… sendo eu o melhor médio da Série A. Graças a Deus o Sevilha apareceu porque o que eu queria era continuar a competir a alto nível para poder estar na Copa América. Essa era minha obsessão. Então esperei e esperei até o fim, e felizmente Sevilha apareceu», disse ainda Papu Gómez.

Gasperini respondeu em declarações à Gazzetta dello Sport. «O comportamento e as atitudes de Papu Gómez, dentro e fora de campo, tornaram-se inaceitáveis para o treinador e para os seus companheiros. A agressão física foi dele, não minha, mas a verdadeira razão pela qual ele saiu por ter faltado ao respeito aos donos do clube.»

«Desejo que ele possa continuar a ser falado pelas suas exibições, como fez na Atalanta», acrescentou o treinador.