(notícia atualizada às 13h03)

O dono do Inter de Milão está a negociar a venda de uma participação maioritária do clube à empresa chinesa Suning e o negócio poderá ficar fechado já no fim de semana. Segundo o jornal oficial China Daily, dois representantes do clube italiano Inter Milão deslocam-se este fim de semana a Nanjing, leste da China, para ultimar a venda.

Esta é a segunda visita de executivos do conjunto italiano a Nanjing em menos de um mês, depois do conselheiro delegado do clube, Michael Bollingbroke, ter estado na sede do Suning.

A corporação chinesa vai adquirir entre 60% e 70% das ações do clube. O indonésio Erick Thohir, dono do Inter desde 2013, vai ficar com uma quota minoritária, mas ainda no comando do clube. 

«O Inter está em boas mãos», disse Erick Thohir aos jornais italianos. «Decidimos vender a participação maioritária para fazer um clube mais forte, graças à chegada de um parceiro estratégico com uma importante presença na China».

«O objetivo é construir um Inter global, mas sem perder os seus valores. Um clube capaz de integrar a liga italiana, mas que também possa competir com equipas das ligas de topo europeia», frisou o indonésio.

Fundado em 1990 por Zhang Jindong, um dos homens mais ricos da Ásia e membro do principal órgão de consulta do Governo e do Partido Comunista da China (PCC), o grupo Suning é especializado no retalho de eletrodomésticos.

«Suning é ambicioso e quer tornar o Inter grande», afirmou Andrea Radrizzani, conselheiro italiano da empresa chinesa.

«Este negócio traz boas notícias ao Inter. O Suning é um grupo sólido, que pode garantir um futuro brilhante para aos nerazzurri. Os chineses sabem como é grande a marca do Inter e não vão hesitar em investir porque isso vai abrir-lhes portas em negócios e relações políticas, frisou.

Em dezembro passado, comprou o Jiangsu Sainty, nono classificado da Superliga chinesa, a uma empresa de têxteis com o mesmo nome, e batizou-o de Jiangsu Suning.

No início do ano, o clube contratou os brasileiros Alex Teixeira, por 50 milhões de euros, e Ramires, por 30 milhões, a primeira e terceira contratação mais cara de sempre na China, respetivamente. Mas, apesar de dizer que haverá «interações comerciais e técnicas com o Jiangsu Suning, Andrea Radrizzani garante que «não haverá empréstimos das estrelas do clube chinês ao Inter». «O Suning não quer desfalcar o Jiangsu Sainty porque a nossa prioridade continua a ser que eles se saiam bem na China».

Curiosamente, um outro consórcio de investidores chineses está interessado em adquirir 70% da outra equipa de Milão, o AC Milan, uma participação detida há 30 anos pelo antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi. «Estamos agora em conversações com um grupo de fundos e algumas empresas chinesas. Negociamos com pessoas que superam os dez mil milhões de euros de capital próprio», confirmou Berlusconi em entrevista à Rádio Roman "Centro Suono Sport".

Em dezembro passado, a empresa China Media Capital pagou 375 milhões de euros por uma participação de 13% no clube de futebol inglês Manchester City.

Em 2015, o consórcio Wanda Group, cujo presidente, Wang Jianlin, é considerado o homem mais rico da China e está filiado no PCC desde 1996, adquiriu 20% do clube espanhol Atlético de Madrid.

E o grupo Ledman tornou-se há meses no principal patrocinador da II Liga portuguesa.

A entrada de grandes grupos chineses no futebol coincide com o desejo de Pequim de converter o país numa potência futebolística à altura do seu poder económico e militar.

O presidente chinês, Xi Jinping, assumiu já o desejo de ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo.

Segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, a China figura em 82.º no ranking da FIFA, atrás de muitas pequenas nações em vias de desenvolvimento.