Como é conduzir um autocarro perante milhares de espetadores que vibram nos últimos dias antes da final da Libertadores? A resposta é dada por José Vieira Apolinário, motorista que dirigiu a viagem da equipa do Flamengo no rotulado «AeroFla» desde o centro de treinos do Ninho do Urubu até ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, na quarta-feira.

«Quando abriu o portão [do centro de treinos], disse: “Meu Deus do céu, o que é isso?” Quando entrei, vi a aglomeração, mas depois não tinha noção da quantidade que estava lá fora. Achei que não fosse conseguir sair. A gente andava, mas não via o chão. Quem guiava eram eles. Quando as cabeças na frente ficavam mais altas, sabia que tinha algo no caminho (risos)», afirmou Apolinário, em declarações ao Globo Esporte.

Este brasileiro, de 55 anos, viveu as emoções da primeira e única conquista do «Mengão» na Libertadores, em 1981, facto que fez questão de lembrar, com crença nos comandados de Jorge Jesus.

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«Em todo o trajeto, onde passámos, havia gente com bandeiras, gritando “Mengão”. Eu vi isso em 81 e hoje [ontem] viver isso foi muito bonito. Estar com o elenco todo dentro do autocarro, sendo torcedor do clube, ficamos no último estágio de adrenalina», relatou, apenas lamentando a grade que cedeu à chegada ao terminal do aeroporto, face à multidão. «Era tanta gente que não havia forma de a polícia fazer nada. Era um motivo de festa, todos queriam despedir-se dos jogadores», notou, descrevendo ainda como foi a interação de Jorge Jesus – que ia no banco ao lado, à frente – com o exterior.

«O Jesus veio na frente comigo e vibrou com o povo. Sabe quando o Gabigol faz golo? Não tem aquela comemoração dele em que levanta os braços? O Jesus estava a comemorar com eles. É tão gostoso que não há como descrever, isso vai ficar comigo para o resto da vida», afirmou.

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Apolinário tornou-se motorista em serviços para o clube há cerca de cinco anos, mas agora exerce funções fixas como tal desde julho. Com a final marcada para as 20 horas (hora de Portugal Continental) de sábado, no Estádio Monumental de Lima, no Peru, ante o River Plate, o homem do volante do «Mengão» já só imagina a festa após uma possível conquista. «Se já foi bonito, imagina na volta?», atirou.