O Tribunal de Recurso da Federação Italiana de Futebol (FIGC) justificou esta segunda-feira a sanção à Juventus por esta ter aumentado o valor de mercado dos seus jogadores de forma a obter mais benefícios numa posterior venda.

O emblema de Turim recorreu a um expediente que é gerador de uma mais-valia fictícia que permitiu à entidade equilibrar os seus balanços durante pelo menos três anos (2019, 2020 e 2021), reduzir prejuízos, não recapitalizar e fortalecer a equipa ao não ver o limite salarial diminuir.

«A Juve cometeu uma infração disciplinar desportiva, dada a gravidade e o caráter reiterado e prolongado da infração», explicou a FIGC em relatório.

O tribunal refere ainda que a vecchia signora foi considerada culpada «dada a documentação apreendida aos dirigentes, as interceções inequívocas (escutas telefónicas) e as evidências subsequentes relativas à ocultação de documentação e mesmo manipulação de faturas».

O Tribunal manteve as sanções impostas aos dirigentes envolvidos, incluindo Andrea Agnelli, ex-presidente do Conselho Diretivo (dois anos de suspensão), e a absolvição dos outros oito clubes envolvidos (Sampdoria, Pro Vercelli, Genovaa, Parma, Pisa, Empoli, Novara e Pescara).

«É impressionante a omnipresença a todos os níveis da consciência da artificialidade do 'modus operandi' da própria empresa: do diretor desportivo da época (Paratici) ao seu colaborador imediato (Cherubini) ou do presidente do Conselho de Diretores (Agnelli) ao diretor-executivo (Arrivabene)», lê-se no relatório.

O nome do treinador Massimiliano Allegri também surge no documento como conhecedor da prática do clube, mas em menor grau e agindo de «boa-fé».

O clube italiano dispõe agora de 30 dias para recorrer ao Colégio de Garantia Desportiva do Comité Olímpico Italiano (CONI), terceiro e último grau da justiça desportiva do país, tendo entretanto anunciado que vai acionar essa opção.

«A Juventus e a sua equipa jurídica leram atentamente e analisarão com profundidade as justificativas, publicadas há pouco, do Tribunal. Trata-se de um documento, previsível no seu conteúdo, face à pesada decisão, mas viciado por manifesta falta de lógica, de motivação e improcedência jurídica, ao qual a sociedade e os particulares irão opor-se com recurso para o Conselho de Garantias na CONI, nos prazos estabelecidos», refere o emblema de Turim.

A Juventus também está a ser investigada por um possível caso de fraude fiscal, uma vez que garantiu ter acordado uma redução salarial dos seus jogadores para aliviar a situação económica gerada pela pandemia, mas o Ministério Público apurou que o acordo não foi de renúncia salarial, mas sim de diferimento do pagamento de três dos quatro meses acordados (de março a junho de 2020).

O pagamento não consta no exercício financeiro daquele ano, pelo que pode ter incorrido num crime de fraude fiscal.

Artigo atualizado às 18h45, com a reação da Juventus