Os segredos da incrível fábrica de talentos do Red Bull Salzburgo já foram contados aqui.

Nos últimos anos, têm sido muitas as pérolas produzidas ou aperfeiçoadas no clube austríaco. Sadio Mané, Upamecano, Naby Keita, Sabitzer, Erling Haaland ou Patson Daka.

Karim Adeyemi, avançado de 19 anos, é apontado como a «next big thing» deverá ser um dos próximos a dar o salto. Bayern Munique, Inter de Milão, Real Madrid, Barcelona e Atlético Madrid têm sido apontados como potenciais destinos para o já internacional AA pela Alemanha, que tem dado que falar em 2021/22.

Afinal de contas, são 14 golos em 21 jogos, três deles na Liga dos Campeões, onde o RB Salzburgo lidera o Grupo G à frente de Lille, Wolfsburgo e Sevilha.

Mas quem é este novo fenómeno que está a deixar a salivar os maiores «tubarões» do futebol mundial?

Filho de pai nigeriano e de mãe romena, Karim nasceu em Munique e aos oito anos entrou para as escolas do Bayern, já depois de começar a dar nas vistas numa equipa do bairro onde vivia. O jovem que era fã de Robben acabou por deixar o colosso bávaro por falta de adaptação e incompatibilidades entre os pais e o diretor desportivo.

Redescoberto num torneio de futebol indoor por olheiros do Unterhaching, um clube da periferia de Munique, no verão de 2018 Adeyemi tinha apenas 16 anos quando o RB Salzburgo pagou 3 milhões de euros por ele, uma verba considerável por qualquer jovem de 16 anos e, mais ainda, por uma equipa austríaca, ainda que falemos de uma com mais recursos do que todas as outras. Conta o Der Standard que o Chelsea também o tinha debaixo de olho e que manifestou interesse, mas que o desejo de ficar perto de casa (duas horas até Munique) prevaleceu. «A decisão de ir para o Salzburgo foi acertada», disse a este jornal austríaco.

Nessa época, foi emprestado ao Liefering, clube satélite do RB Salzburgo que compete no segundo escalão da Áustria e que serve de adaptação ao futebol sénior durante o delicado período de transição.

Um ano depois, em setembro de 2019, Adeyemi, lapidado na Áustria, já era oficialmente considerado uma das maiores promessas do futebol alemão. E oficialmente porque foi distinguido com a medalha de ouro Fritz Walter para melhor jovem futebolista sub-17 do país, seguindo as pisadas de Timo Werner, Emre Can e Mario Götze, que viriam a mostrar que os reconhecimentos precoces não foram... manifestamente exagerados.

O salto para para a equipa-mãe não foi imediato. Adeyemi iniciou a época 2019/20 a jogar no Liefering e pelo RB Salzburgo na UEFA Youth League, prova que a equipa austríaca venceu em 2017 após bater o Benfica na final. Dessa equipa faziam parte, por exemplo, Patson Daka (hoje no Leicester) e Amadou Haidara, atualmente no Leipzig, outra equipa do império Red Bull.

Nessa altura, e mesmo ainda a aguardar por uma oportunidade, Adeyemi era quase tão popular como Erling Haaland, que em janeiro de 2020 sairia para o Borussia Dortmund, e os responsáveis do RB Salzburgo já lhe projetavam um futuro promissor e o clube já tinha em mãos propostas de montantes superiores aos valor que pagaram por ele em 2018. «Queremos mantê-lo por muito tempo para o desenvolvermos. Podíamos vendê-lo por muito dinheiro, mas não queremos isso», disse Christoph Freund, diretor-desportivo dos austríacos, que lhe destacava a «incrível velocidade, o «dinamismo» e «instinto goleador». Características que continua a aperfeiçoar. «Tenho a velocidade do meu pai. Ele diz que era ainda mais rápido, mas não acredito nele», brincou em entrevista ao Der Standard.

A estreia de Adeyemi pelo RB Salzburgo terá sido adiada alguns meses por força da pandemia que paralisou o futebol entre março e maio do ano passado. Mas, no regresso, estreou-se na final da Taça da Áustria: 12 minutos na vitória por 5-0 sobre o Áustria Lustenau.

Karim Adeyemi, que diz ter na paciência uma das suas maiores virtudes, teve de tê-la até sedimentar um lugar no onze. Em 2020/21 esteve em 39 jogos, mas foi titular em apenas 11. Ainda assim, acabou a época com nove golos e uma dezena de assistências.

Agora, a saída de Patson Daka, no verão, para o Leicester por 30 milhões de euros, abriu-lhe a porta do elevador. E os resultados estão à vida.