O selecionador dos sub-20 de Marrocos, João Aroso, está entre as dezenas de portugueses que procuram sair do país para regressar a casa, na sequência da suspensão dos voos internacionais decretada pelo Governo marroquino, no sábado.
O técnico de 47 anos tinha dois voos reservados para voltar a Portugal, mas não quis «sair à revelia» e ainda está em Rabat, na sede da Federação Real Marroquina de Futebol, a desbloquear a situação.
«Tinha duas reservas para viajar antes de terem cancelado os voos para Portugal. Uma via Frankfurt e outra que saía de Casablanca para Lisboa, mas não queria sair daqui sem autorização da federação. Não tive autorização da federação para sair. Expliquei, sobretudo, a parte familiar, porque a minha família está em Lisboa. Tenho dois filhos, a minha esposa está lá e, face à situação aqui - no contexto de trabalho na federação não há jogadores - procurei sensibilizar para poder trabalhar a partir de lá. Disponibilizei-me inclusivamente para licença sem vencimento, mas não tive autorização», referiu Aroso, na tarde deste domingo, em declarações ao Maisfutebol.
Aroso diz que procurou obter ajuda e esclarecimentos com a embaixada através da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), mas diz que «nem eles sabem bem como podem ajudar» e que a informação que lhe chega, acontece «com dificuldade».
Ao início desta tarde, o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Augusto Santos Silva, afirmou, à agência Lusa, que estavam a ser preparados dois voos da TAP para retirar os portugueses retidos em Marrocos, a partir de Marraquexe. A nível pessoal, Aroso referiu que, quando teve conhecimento, «não sabia os horários» e a distância desde Rabat tornava difícil a deslocação sem aviso prévio.
«Marraquexe fica a três horas e meia de Rabat. Sei que há portugueses em Casablanca, em Marraquexe por questões de turismo e mais noutras zonas. Sem que haja aviso atempado, seria impossível, embora ainda esteja a tentar desbloquear esta situação da autorização da federação marroquina», expressou.
«Tive conhecimento, há pouco, que estavam a embarcar passageiros em Marraquexe, mas era impossível deslocar-me para Marraquexe. Pessoalmente não estou mal, no sentido de saúde e proteção, porque estou no centro de treinos. Existem médicos. Apesar de estar toda a gente demasiado tranquila, o retrato do que é Marrocos agora, é o que era Portugal há duas semanas. As pessoas continuam tranquilas, não só os marroquinos. Não têm noção da gravidade da situação», defendeu, frisando que a maior preocupação dos estrangeiros que trabalham na federação estende-se a um colega espanhol.
«Há um treinador espanhol e mais dois elementos, um alemão e um britânico. A ideia que tenho é que eu e o espanhol estamos preocupadíssimos, por razões óbvias, face ao que acontece nos nossos países. Os outros estão tranquilos e é isso que acaba por dificultar a compreensão para que autorizem a sair», frisou, admitindo que a suspensão dos voos mudou o seu estado de espírito. «Quando fui confrontado com o encerramento dos voos para Portugal, fiquei mais preocupado. Enquanto sentisse que estava aberta essa possibilidade, a minha tranquilidade seria diferente».
O número de casos de coronavírus em Marrocos ascendeu este domingo a 28, o triplo dos registados na sexta-feira e mais dez que no sábado.