Ameaçou ser um passeio, mas acabou por tornar-se numa viagem atribulada. Sem Ronaldo no onze (português só apenas os últimos dez minutos), o Real Madrid venceu o Manchester United, mas tremeu face ao crescimento interessante da equipa de José Mourinho na última meia hora.

FILME E FICHA DE JOGO

Aos 52 minutos, logo após o golo de Isco, a taça não parecia entregue à equipa espanhola por uma mera questão pró-forma. Só que o golo de Lukaku e a entrada positiva de Fellaini no jogo fez renascer o conjunto inglês, que atenuou a linha que, valha a verdade, ainda separa estas duas equipas.

A equipa de José Mourinho foi competitiva, conseguiu superiorizar-se por alguns momentos ao campeão europeu, ameaçou a recuperação, mas ainda parece estar longe do tal «ponto de rebuçado» que lhe permitirá voltar um dia a lutar pelos lugares de topo no futebol europeu.

Muito do que se passou em campo, principalmente nos primeiros 45 minutos, explica-se com uma breve referência a um homem cada vez mais influente na equipa de Zinedine Zidane.

Um gigante chamado Casemiro

Sem Cristiano Ronaldo de início (o português só foi lançado aos 83 minutos), Casemiro foi, a par de Isco claro está, o mais parecido que o Real teve com um galáctico no sufocante calor noturno de Skopje.

Longe vão os tempos do Casemiro tímido acometido àqueles metros quadrados à frente da defesa. Do Casemiro casemirinho. Do patinho feio quase proscrito pela afición madridista. O médio canarinho, em tempos despachado pelo Real Madrid para rodar no FC Porto, foi nesta terça-feira um dos grandes responsáveis por mais um título do campeão espanhol. Primeira parte de tremenda intensidade com um golo (estava ligeiramente adiantado à defesa do United), um remate à barra e um envolvimento interessantíssimo nas ações ofensivas.

Nota positiva também para a atitude positiva do Manchester United, com Lindelöf e Matic a titulares. O médio sérvio empresta outra capacidade de luta à equipa de Mourinho, sinais bem patentes na capacidade de pressionar alto que os red devils tiveram, ainda que lhes faltasse a indispensável imprevisibilidade no último terço do terreno.

Mais confortável no terreno, o Real entrou por cima no segundo tempo. Em cinco minutos, os merengues ameaçaram o golo por três vezes: primeiro por Kroos, depois por Marcelo e finalmente por Isco. O médio espanhol tabelou com Gareth Bale (curiosamente o homem com quem tem discutido um lugar no onze) e fez o 2-0 com frieza aos 52 minutos.

O K.O falhado e o renascimento inglês

A equipa inglesa parecia de rastos e incapaz de estancar o futebol dos espanhóis, que falharam o xeque-mate aos 61 minutos num remate de Bale que embateu com estrondo na barra.

Da submissão iminente, o Manchester United reergueu-se na resposta. Na recarga a um remate de Matic, Lukaku reduziu para 2-1.

Por essa altura, Fellaini já estava em campo. O belga foi lançado para o lugar de Ander Herrera, mas entregou-se essencialmente a missões ofensivas. Os red devils ainda ameaçaram igualar, num lance em que Rasford apareceu isolado, mas não conseguiu bater Navas.

Nota final para Zinedine Zidane: duas Champions, duas Supertaças, uma Liga espanhola e um Mundial de Clubes: o saldo em pouco mais de dois anos. E ele ainda cora quando lhe chamam génio.