Depois de 28 anos com lugar anual em Old Trafford, 16 dos quais no mesmo assento, Rob Chapman, adepto do Manchester United, perdeu a cadeira onde se sentava habitualmente a cada dois fins de semana, por ter falhado o prazo-limite de revalidação do bilhete.

O filho deste adepto dos red devils deu conta da situação nas redes sociais e criticou o clube inglês pela visão empresarial e por não valorizar a lealdade do pai. «Depois de 28 anos como titular de bilhetes de época, 16 nos mesmos assentos, o meu pai de 73 anos falha um prazo e o Manchester United vende os nossos bilhetes sem sequer fazer um telefonema», começou por escrever Robbie.

«Contestou a decisão, mas disseram-nos que ele recebeu um lembrete por e-mail. Sem flexibilidade, sem reconhecimento de 60 anos de fidelidade, apenas um link para o esquema de associação se quisermos ir aos jogos no futuro.»

«Nós os dois estamos devastados. Não é apenas um bilhete para os jogos, é uma comunidade que construímos nos últimos 16 anos. Desenvolvemos amizades duradouras com aqueles que nos rodeiam. Por causa de um erro, o Manchester United tira-nos isso.»

Prova desse sentimento de comunidade em que Rob Chapman já se sentia integrado é um episódio que ocorreu em 2016 e que o filho fez questão de recordar, para deixar bem vincada a importância do lugar que o adepto ocupa em Old Trafford.

Ora, nesse ano, Chris Madden, outro adepto do Manchester United, sentiu uma forte dor no peito nos arredores do estádio e caiu no chão. Rob e o filho, que se encontravam no mesmo local, correram de imediato para o assistir. Os dois ajudaram Chris até à chegada da ambulância e, já no hospital, o adepto teve de ser sujeito a uma intervenção cirúrgica de urgência.

Já recuperado, Chris não descansou até conseguir encontrar os dois heróis de Old Trafford e, mais tarde, os três conheceram-se e conversaram por algum tempo.

«Vi-o com a mão no peito e imediatamente pensei: 'algo não está bem'. Corri até ele e perguntei se estava bem e ele disse que não. Então gritei para o meu pai e ele assumiu. Não é a primeira vez que ele tem de ajudar alguém assim, mas com certeza é o caso mais sério. Quando saímos, depois, o meu pai disse: 'espero que ele esteja bem, mas acho que nunca saberemos'», disse Robbie ao Manchester Evening News na altura.

Já Rob, que é médico reformado, preferiu distribuir os méritos pelos colegas do hospital. «É bom ver o que fiz de bom para garantir que ele ficasse bem. Nunca se sabe o que teria acontecido. Mas todo o reconhecimento deve ir para todos os médicos, enfermeiros e equipa médica que trataram o Chris desde então e o colocaram de pé tão rapidamente.»

O desabafo de Robbie foi colocado nas redes sociais há dois dias e já atingiu milhares de partilhas, além de comentários que criticam a postura do Manchester United, vindos de utilizadores que entendem que os red devils deviam ter mais consideração pelos adeptos que não deixaram o clube para trás quer nos sucessos, quer nos falhanços, que têm sido muitos nos últimos anos. Apesar de os clubes adotarem uma visão empresarial e valorizarem o negócio, será que este pode subsistir sem a fidelidade dos adeptos?