Há menos de um ano, esteve no Mundial de Clubes. Hoje, ganha a vida a vender essências para carros nas ruas de Marília, município do Estado de São Paulo.
Marcos Paulo, defesa de 22 anos, integrou a equipa do Hienghène Sport, da Nova Caledónia, na primeira eliminatória do Mundial em dezembro de 2019, no jogo contra o Al-Sadd.
Foi, porventura, o ponto alto na visibilidade do jovem de 22 anos, com passagem por quatro clubes desde os 15.
A partir daí, as voltas da vida levaram-no ao atual ofício, para sustentar as contas da casa que divide com os pais e com dois irmãos. A história é relatada pelo jogador ao UOL Esporte.
Depois da ida ao Mundial de Clubes no Qatar, Marcos Paulo vinculou-se ao Próspera, clube brasileiro de Santa Catarina, mas a rescisão surgiu três meses depois e antes da estreia, depois de trocas no corpo técnico. A pandemia da covid-19 agravou tudo e, sem futebol, procurou alternativas a partir da internet.
«Precisava de ajudar em casa, de trabalhar. Entrei no Youtube e pesquisei: ‘como ganhar um dinheiro extra’. Vi que algumas pessoas vendiam cheirinho para carro. E pensei: ‘é isso que vou tentar’», contou, ao jornal brasileiro.
«Peguei em 50 reais [cerca de oito euros] e comprei os produtos. No mesmo dia, fiz alguns e consegui vender 20 frasquinhos. Faturei 200 reais [cerca de 31 euros]. Comecei a testar fórmulas para chegar ao cheiro certo, o que me agradava. E deu certo. Não sinto vergonha do meu trabalho», garantiu.
Em paralelo com o que espera ser um modo temporário de ganhar a vida, Marcos Paulo não desliga do futebol e, com frequência, a cada manhã, faz um treino físico num campo perto de casa. E vai mais além: em três dias da semana, orienta treinos de forma voluntária a crianças de uma comunidade desfavorecida.
«O organizador do projeto procurou-me e perguntou se eu gostaria de orientar as aulas. Achei importante, porque sei que o desporto tira muita gente do caminho do crime. Como estou desempregado, pedi apenas o dinheiro da gasolina. Orgulha-me o trabalho que temos feito. Três horas antes da aula, as crianças já estão vestidas, animadas, mandam mensagem a dizer que comeram legumes e estão prontas para o treino. Nenhum dinheiro paga isso», assinalou.