Depois de ter literalmente batido no fundo da classificação da Premier League, o Manchester United terminou uma semana de enorme convulsão a chegar a um acordo para a significativa contratação de Casemiro ao Real Madrid. A menos de duas semanas do fecho do mercado, os «Red Devils» garantem finalmente um alvo de peso, mantendo-se de resto a ideia de que não pretenderão ficar por aqui e ainda muito pode mexer em Old Trafford. Como em vários outros clubes de topo europeu, muitos deles ainda ativos no mercado. Com essa perspetiva, associada ao efeito de compensação que as grandes transferências envolvem, a reta final do mercado promete ser agitada.

Esta foi ainda a semana do volte-face que redundou na saída de Matheus Nunes do Sporting para o Wolverhampton, por valores que não só entram para o top das maiores transferências de sempre do futebol português como colocam o médio no «top 20» dos maiores negócios deste verão. Pode consultar aqui a lista, onde não entra ainda a transferência de Casemiro, estimada em 70 milhões de euros mas ainda à espera da conclusão.

A semana reforçou também a constatação óbvia de que é ainda e sempre a Premier League a grande força de investimento do mercado internacional, sem comparação com qualquer outra. E não apenas pelos movimentos dos principais emblemas. Com a contratação de Matheus Nunes, o Wolverhampton também se juntou à lista dos clubes com gastos estimados de mais de 100 milhões de euros nesta temporada, elaborada pelo site Transfermarkt, e que tem sete ingleses no top 10.

Quando faltam menos de duas semanas para o fecho da janela de transferências, o Maisfutebol continua a olhar a cada semana para as principais movimentações e curiosidades nas grandes Ligas.

Inglaterra

O Manchester United entrou na 10ª temporada depois da saída de Alex Ferguson. Ten Hag é o sexto treinador em Old Trafford desde então (não contando interinos) e o clube não voltou a ser campeão inglês. Mas não foi por falta de investimento. Ao longo desta década, o United gastou mais de mil milhões de euros em reforços. Esta época, depois de muitas mudanças na estrutura, para lá do treinador, o United entrou na Premier League com duas derrotas. A goleada sofrida frente ao Brentford em pouco mais de meia hora fez soar todos os alarmes e, além de reavivar o debate em torno de Cristiano Ronaldo, aumentou a pressão e as críticas à forma como o clube tem sido gerido e como tem abordado o mercado.

Numa época que começou com uma limpeza de balneário que se traduziu na saída de jogadores como Pogba, Matic, Juan Mata, Cavani ou Lingard, todos a custo zero, até ao arranque da Premier League o clube apenas tinha como investimento relevante o central Lisandro Martínez, uma contratação de 57 milhões de euros de imediato questionada face à exibição na derrota com o Brentford. Tinham chegado de resto o defesa Tyrell Malacia, também recrutado no futebol holandês, além do médio Christian Eriksen.

Às recorrentes notícias sobre alvos falhados do United juntou-se esta semana a informação veiculada em Espanha de uma oferta de 130 milhões por João Félix que o Atlético de Madrid teria recusado. Agora, com o acordo por Casemiro, o clube está finalmente perto de garantir um nome de peso para o meio-campo, uma das áreas que Ten Hag procurava reforçar. A ver o que se segue, com enorme pressão sobre o treinador e a equipa e um clássico frente ao Liverpool marcado já para esta segunda-feira.

Para lá dos dramas de Old Trafford, entre as transferências consumadas esta semana na Premier League o destaque óbvio é Matheus Nunes. Depois de parecer garantida a continuidade em Alvalade, o médio acabou mesmo por rumar ao Wolverhampton. Uma semana depois da chegada de Gonçalo Guedes, aumentou assim para dez o número de jogadores portugueses às ordens de Bruno Lage.

Depois de reforçarem o meio-campo com Matheus Nunes, os Wolves compensaram de alguma forma esse investimento recorde para o clube com a transferência do médio Morgan Gibbs-White, que será nada menos que o 16º reforço do Nottingham Forest. O histórico recém-regressado à Premier League não pára de contratar e é outro dos clubes que já passaram a fasquia dos 100 milhões gastos.

A capacidade financeira da Premier League parece inesgotável e não vai ficar por aqui. Apesar de todo o investimento já feito, também Chelsea e Manchester City se mantêm ativos. Os londrinos, que continuam a ser associados a vários alvos, apostaram por estes dias no futuro com a contratação do médio Casadei, promessa italiana que chega do Inter. O City reforçou-se agora com o lateral espanhol Sergio Gomez, contratado ao Anderlecht, enquanto o futuro de Bernardo Silva continua a ser tema recorrente.

No meio dos grandes negócios, ainda uma curiosidade. O City, com um número que parece não ter fim de jogadores sob contrato, emprestou esta semana  Liam Delap ao Stoke, o clube onde se notabilizou o pai do jovem avançado: Rory Delap, antigo médio que se distinguiu pela incrível potência nos lançamentos.

Espanha

A transferência de Casemiro para o Manchester United dominou a semana em Espanha. O Real Madrid vê sair uma das referências do meio-campo que foi nuclear nos muitos sucessos dos últimos anos. Os «merengues» já tinham anunciado que não voltariam ao mercado e Carlo Ancelotti voltou a insistir nessa ideia. Tanto mais que o clube já tinha assegurado, logo no início do defeso, aquele que chegou para ser o sucessor natural de Casemiro: Aurelien Tchouameni, contratado ao Mónaco naquela que é aliás estimada como a transferência mais cara deste verão. Mas quanto ao que o Real Madrid ainda poderá fazer, resta esperar para ver.

Em Barcelona estes foram dias bem menos agitados do que as semanas anteriores. Mas há muito por acontecer em Camp Nou, desde logo no que diz respeito a saídas, de que dependerá o equilíbrio das contas e eventuais novas entradas na estratégia de alto risco, baseada em comprometer receitas futuras, que o clube assumiu esta época.

Esta semana, a principal contratação na Liga espanhola foi do Sevilha que, depois de baixas de peso na defesa como foram Koundé e Diego Carlos, contratou o central Tanguy Nianzou ao Bayern Munique. A Liga espanhola ganhou ainda mais um português, com a chegada de Domingos Quina, reforço do Elche por empréstimo do Watford.

Ainda houve a insólita despedida de Paco Alcácer do Villarreal. O avançado começou por ser cedido ao Al Sharjah, voltou, rescindiu e depois… assinou pelo Al Sharjah, tudo no espaço de dois dias.

Itália

Foi o Nápoles o grande animador da semana na Serie A, com dois reforços de peso, ambos a chegar por empréstimo: o avançado Gio Simeone, filho de Diego Simeone, cedido pelo Hellas Verona, e ainda o médio internacional francês Tanguy Ndombelé, que chega do Tottenham.

O Torino, por seu lado, compensou a saída do central Bremer para a Juventus com a contratação de Perr Schuurs ao Ajax.

Esta época haverá de resto menos um português na Serie A, depois de o ex-benfiquista Pedro Pereira ter sido cedido pelo Monza aos turcos do Alanyaspor.

Em França, para variar, é de uma saída do PSG que se fala. A transferência do defesa internacional alemão Thilo Kehrer para o West Ham foi a única movimentação da semana nos parisienses, que já apostaram forte no mercado, nomeadamente na contratação dos portugueses Vitinha e Renato Sanches, mas continuam associados a eventuais negócios adicionais, no que diz respeito a entradas mas também a saídas. Há um dado que pode ser relevante nesses processos, a informação veiculada pelo jornal L’Équipe, ainda sem confirmação oficial, de que o PSG e também o Marselha, outro clube francês que tem estado muito ativo no mercado, estão sob alçada da UEFA por incumprimento do «fair play» financeiro.

Na Alemanha, a semana passou sem grandes novidades de mercado, para lá do folclore em torno da «ideia encantadora» de uma hipotética transferência de Cristiano Ronaldo para o Borussia Dortmund.