297 dias depois, André Onana voltou a jogar. O internacional camaronês esteve suspenso por nove meses após fazer confusão com um medicamento que a sua esposa estava a tomar e acusar uma substância proibida num controlo antidoping feito pela UEFA.

«Vínhamos de jogar contra a Atalanta. Empatámos 2-2 num jogo muito intenso. Chegámos de madrugada e acordei com dores de cabeça. Fui tomar um medicamento que me tinham receitado (Litacol), mas a minha mulher, que tinha acabado de dar à luz, tinha uma pastilha parecida (Lasimac) que se usa para a retenção de líquidos. Tomei essa pastilha sem querer. Fiz o controlo antidoping e voltei a casa. Quando estava nos Camarões, um mês depois, comunicaram-me o resultado do controlo e disse ao médico: 'Não pode ser, de certeza que te enganaste. Já fiz mais de 23 controlos na minha carreira'. Quando ele me disse que tinha dado positivo para Furosemida. Nem sabia o que era até a minha mulher me explicar», lembrou, em entrevista à Marca. 

«É incrível como uma pastilha de 40 miligramas pode destruir-te a vida, a carreira e a imagem. Foi muito duro psicologicamente. Só pensava: 'Como vou dizer aos meus pais que dei positivo num controlo antidoping quando nunca fumei nem bebi na minha vida?'. Fala-se de doping, mas eu tomei uma pastilha para retenção de líquidos. Cometi um erro, mas agora tenho de aceitar tudo o que dizem sobre mim. Foi tão duro que às vezes duvida de mim próprio. Via as notícias e pensava se era um drogado ou não. Aprendi e tornei-me numa pessoa mais forte. No futebol não há humanidade. Para alguns somos apenas robôs sem direito a falar», acrescentou. 

O guarda-redes de 25 anos foi, por isso, obrigado a contratar quase duas dezenas de pessoas para manter a forma física.

«Não podia treinar com ninguém. Tive de sobreviver, aguentar e treinar por minha conta. Tive de montar uma equipa forte de 17 pessoas para voltar a ser o guarda-redes que era. Não foi fácil, mas graças a Deus e a eles, consegui», relatou. 

Em final de contrato com o Ajax, Onana confirmou que não vai continuar no emblema de Amesterdão.

«Inter? Já me colocaram no Barcelona, no Inter, no Arsenal, no Lyon, no Mónaco e no Nice enquanto estava suspenso. Não sei. É certo que não cheguei a acordo com o Ajax. Estou agradecido ao clube pela oportunidade que me deu. Ao fim de quase sete anos, acho que chegou a altura de dar um passo em frente e sair. O Ajax dá sempre oportunidades aos jovens e há muitos guarda-redes na academia que esperam uma oportunidade. Devo sair, mas não sei para onde. Preciso de um novo desafio», revelou.