O Leicester continua a ser um caso de sério estudo pelos resultados obtidos na época 2015/16 que agora termina. O vencedor da Premier League conquistou o título de campeão inglês sendo o terceiro clube que menos gastou na contratação de jogadores a nível interno.

O plantel comandado pelo treinador Claudio Ranieri tem assim uma cotação de «+17» valores numa tabela que ordena os clubes consoante os resultados que tiveram em relação à posição que ocupam no que respeita aos gastos com jogadores.

O estudo apresentado nesta semana pelo «CIES – Observatório do Futebol» analisa estes dados nas cinco principais ligas europeias (as denominadas «big-5»: Premier League, La Liga, Serie A, Bundesliga e Ligue 1) estabelecendo os intervalos (do inglês «gap») entre a quantidade de dinheiro gasta em contratações (disposta numa ordem descendente) e a classificação final no campeonato.

O Leicester é o clube que tem a cotação mais alta entre os 98 das «big-5». Ao ter gasto apenas 2,7 milhões de euros em média por jogador utilizado ficando no 18º lugar (entre 20) nos gastos dos clubes da Premier League e tendo vencido a prova, os «foxes» conseguem um intervalo positivo de «17».

O clube que se aproxima mais do Leicester é o Mainz. O clube alemão tem uma cotação de «+10». No extremo dos que têm piores cotações estão o Marselha, em França, e o também inglês Newcastle: ambos registam «-10» nos valores definidos pelo CIES entre custo médio por jogador utilizado e classificação final da liga.

A Premier League é a liga destas cinco que apresenta também o maior intervalo entre os respetivos primeiro e último desta análise, pois entre o fenómeno Leicester («+17») e o Newcastle («-10») há 27 pontos de diferença. Na Alemanha são 19 pontos – entre o Mainz («+10») e o Hannover («-9»). Em França são 18 – entre o Angers («+8») e o Marselha («-10»). Na Espanha são 15 – entre o Las Palmas («+6») e o Valencia («-9»). E na Itália são 12 (entre o Empoli («+7») e o Palermo («-5»).

Uma atenção mais específica à liga inglesa de acordo com dados nesta terça-feira revelados pela própria Premier League reforçam o caráter surpreendente que o Leicester atingiu para além do fenómeno desportivo que concretizou. O clube do tailandês Vichai Srivaddhanaprabha acabou em quinto lugar da tabela dos mais bem pagos no que respeita aos direitos televisivos.

Nesta classificação pelas receitas chegar no fim em primeiro é uma ajuda, mas partir como favorito também – ou, ainda mais. O bolo das receitas televisivas da Premier League no Reino Unido tem uma divisão que garante um equilíbrio entre todos os clubes ao repartir desde logo 50 por cento igualmente por todos; assim como os direitos comerciais e o produto das transmissões para o exterior são equitativamente divididas.

O dinheiro ganho aumenta consoante a classificação final (25 por cento das recitas televisivas locais são destinadas a diferentes prémios monetários respetivos a cada lugar na tabela) e

aumenta também consoante também o número de jogo transmitidos dentro do Reino Unido. O Arsenal foi assim o clube que mais dinheiro ganhou mediante o acordo televisivo vigente na Premier League.

Os «gunners» foram o segundo classificado e quem teve o maior número de jogos transmitidos: 27. As duas variáveis do acordo contribuíram para as receitas finais de 130 milhões de euros. Ao Arsenal seguiram-se o Manchester City (125), o Manchester United (124) e o Tottenham (123). O Leicester ficou no quinto lugar das receitas televisivas, pois, apesar de ter terminado campeão, só teve 15 jogos seus transmitidos.

Os valores das receitas televisivas da época 2015/16 da Premier League podem ser vistas aqui.

Uma consequências deste acordo entre os clubes ingleses, como já se sabia, foi que a diferença entre o que recebe mais e o que recebe menos é atenuada. O Aston Villa, 20º classificado e despromovido ao segundo escalão recebeu 86 milhões de euros: menos 44 milhões do que o Arsenal. Na avaliação do CIES entre gastos com jogadores utilizados e classificação final a disparidade, como já se viu, aumenta significativamente.

Não só a cotação muito positiva do Leicester como a muito negativa do Newcastle criam um intervalo enorme, como não houve paridade nesta temporada 2015/16 em Inglaterra. O registo mais próximo do zero («=») foi obtido por clubes a lutarem pela entrada na Liga Europa ou pela permanência. O Southampton foi o sétimo mais gastador e ficou em sexto lugar; o West Bromwich foi o 15º nas despesas e ficou em 14ª: a cotação de ambos ficou em «+1».

Em Espanha também não houve qualquer clube a conseguir a paridade com três emblemas – entre eles o campeão – a ficaram com valores de «+1» entre investimento com jogadores utilizados e classificação na Liga: Rayo Vallecano (19º/18º), At. Madrid (4º/3º) e Barcelona (2º/1º). O Real Madrid ficou negativo: (1º/2º).

Na Itália, na Alemanha e em França houve vários casos de paridade em que o lugar na tabela dos gastos com jogadores equivaleu à classificação final na respetiva liga. Na Bundesliga só o campeão Bayern Munique fez coincidir a liderança no investimento com o primeiro lugar da classificação. Mas na Serie A, além da Juventus, também Frosinone e Atalanta refletiram os resultados desportivos pelo dinheiro. E na Ligue 1, o campeão Paris Saint-Germain foi acompanhado por Lille e Guingamp.

O estudo do CIES pode ser consultado aqui.