Enquanto o futebol português suspendia a respiração para seguir o dérbi, este foi o fim de semana em que, três anos depois da matança em Port Said, o Egito voltou a tingir-se de luto, com o futebol como pretexto.

Tal como então, com Manuel José e a sua equipa técnica no Al-Ahly, os confrontos entre adeptos do Zamalek e as autoridades voltam a apanhar um português no caminho: Jesualdo Ferreira tinha acabado de chegar à capital egípcia para assumir o comando do segundo clube do Cairo. Fica por saber de que forma o adiamento do campeonato, face aos 22 mortos nos violentos confrontos com a polícia vão condicionar o futuro desportivo do clube que, em condições normais, teria passado a comandar a partir desta semana.



Tragédias à parte, o futebol africano serviu também para a confirmação de um velho hábito. Em Malabo, na Guiné Equatorial, sob os olhos de Joseph Blatter, e também de Luís Figo, agora seu adversário na corrida à presidência da FIFA, foi a oitava vez que o título continental se decidiu após uma maratona de penaltis, a exemplo do sucedido em 1982, 1986, 1992, 2000, 2002, 2006 e 2012.



Costa do Marfim e Gana, que em 1992 tinham necessitado de 24 penaltis para fechar a final, desta vez fizeram a coisa por menos, mas pouco: ao fim de 22 remates da marca, a vitória voltou a sorrir aos marfinenses, tal como tinha acontecido há 23 anos. Foi apenas o segundo título continental para a Costa do Marfim, ao fim de três finais perdidas. E, para não variar, houve um guarda-redes a fazer figura de super herói, seguindo o exemplo do que tinha acontecido no jogo de atribuição dos 3º e 4º lugares...



Quem ergueu o troféu foi Yaya Touré, que sucede a Didier Drogba como alma dos «elefantes» e, por esta altura deve ser o homem mais desejado pelos adeptos do Manchester City. Desde que partiu para a CAN, a equipa de Pellegrini não ganhou nem mais um jogo na Premier League. Numa jornada em que o dérbi de Londres deu show de Kane e  reviravolta, e o dérbi de Liverpool, o último de Gerrard, deu em protesto fora de campo e bocejo lá dentro, o empate do City com o Hull, conjugado com a vitória do Chelsea em casa do Aston Villa, deixou Mourinho de sorriso rasgado. O técnico português, que nunca tinha ganho no Villa Park, não só quebrou um enguiço pessoal histórico, superando as ausências de Fábregas e Diego Costa, como viu o seu avanço na frente aumentar para uns confortáveis sete pontos.



Também nuns confortáveis sete pontos se manteve o avanço da Juventus sobre a Roma, num fim de semana em que os dois venceram, com a particularidade de o triunfo da «Juve» sobre o Milan, num dos grandes clássicos do futebol italiano, ter atirado os «rossoneri» para um escandaloso 10º lugar.

E por falar em escândalo, essa é a palavra incontornável para definir o sucedido em Madrid, onde o Real sofreu diante do Atlético a derrota mais pesada nos últimos 28 anos de dérbis. Tiago brilhou, Simeone apontou uma explicação tática muito simples para o sucedido, mas apesar disso, e do saldo negativo nos últimos oito dérbis, Cristiano Ronaldo não se mostrou convencido, afirmando no final que o Real é «muito melhor» do que o Atlético. Mas não foi esse o maior foco de polémica, mas sim o grande evento social em que se transformou a sua festa de aniversário, na noite em que os adeptos do Real tinham vontade de pintar a cara com vergonha. O tema vai dar que falar esta semana, em Espanha.



Ainda em Espanha, o Barcelona aproveitou a goleada ao Real para encurtar distâncias para um mísero ponto, goleando em Bilbao, com nova demonstração de classe da tripla Messi-Neymar-Suarez. E com o Atlético a quatro pontos do líder, a discussão do título ameaça voltar a ser a três, como no ano passado.

Na Alemanha, pelo contrário, a discussão do título voltou ao normal: depois de dois jogos seguidos (!) sem ganhar, o Bayern bateu o Estugarda e estabilizou a diferença de oito pontos para um Wolfsburgo que, reforçado com a chegada de Schürrle, promete vida muito complicada ao Sporting na próxima eliminatória da Liga Europa. O mesmo pode ser dito, aliás, do Basileia, de Paulo Sousa, que voltou à competição em muito bom nível, antes de defrontar o FC Porto na Champions.



A fechar, referência para a Ligue 1, onde o Mónaco, de Leonardo Jardim, viu interrompido o extraordinário ciclo de jogos sem derrota, e onde o Lyon conseguiu, do mal o menos, segurar a vantagem de dois pontos, na frente, empatando na receção ao PSG e beneficiando do empate do Marselha. Um empate conseguido, precisamente, por Ocampos, um jogador cedido pelo Mónaco e que neste domingo é bem capaz de ter feito falta a Moutinho, Ricardo Carvalho e companhia.