*Com NUNO MADUREIRA

O jogo entre o Inter de Milão e o Nápoles, para a Taça de Itália, aqueceu e de que maneira. Roberto Mancini, treinador do Inter, acusou o rival Maurizio Sarri de o ter insultado já perto do final do encontro. O jogo terminou com vitória da equipa de Milão por 2-0 mas o caldo entornou entre os técnicos. 

«Sarri é racista e homofóbico», acusou Mancini, dizendo que o técnico do Nápoles lhe chamou «maricas» e «homossexual». Sarri admitiu os insultos mas recusou a homofobia. «Até tenho amigos homossexuais», justificou, dizendo que gritou a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

Ora, já se sabe, o calor do jogo motiva atitudes inesperadas de protagonistas nada habituais. É verdade que Mancini até já esteve envolvido em outros casos (já lá vamos), mas é sempre estranho ver treinadores a não resistirem à pressão inerente a um jogo.

Estranho, contudo, não quer dizer anormal. A história do futebol está repleta desses momentos. Reunimos aqui alguns. 

Porque, já sabe, ninguém está livre de perder a cabeça. Mesmo quem deveria ocupá-la a pensar, apenas, o jogo.

-Jorge Jesus, Lopetegui, Tim Sherwood e quem mais?

Jorge Jesus tem uma longa história de desaguisados com outros treinadores, algo que se tornou mais evidente desde que ganhou o mediatismo inerente ao cargo de treinador do Benfica, primeiro, e, agora, do Sporting.
Da recente troca de palavras com Rui Vitória, a casos antigos com Manuel Machado, Augusto Inácio e rivais do FC Porto, como André Villas-Boas, a quem chamou «miúdo», ou Vítor Pereira que, numa das primeiras conferências de imprensa como técnico principal chegou a chamar «egocêntrico» a Jesus, algo que o levou, mais tarde, a pedir desculpas.

Contudo as questões, por assim dizer, mais físicas aconteceram com treinadores estrangeiros. Primeiro Tim Sherwood, num Tottenham-Benfica para a Liga Europa. Jesus provocou o técnico dos londrinos após golos encarnados e este não achou piada nenhuma e foi pedir-lhe satisfações. No final, Jesus justificou-se com uma tentativa de «vingar» Villas-Boas, antecessor de Sherwood no Tottenham.



Mais recentemente, as coisas estiveram feias também com Julen Lopetegui, no jogo da Luz do ano passado. Ficou famosa a expressão «puñetazo», nunca confirmada oficialmente, que Lopetegui teria dito a Jesus caso este voltasse a enganar-se no seu nome. Seja o que for que o ex-treinador do FC Porto tenha dito, a verdade é que Jesus perdeu as estribeiras por momentos e teve mesmo de ser agarrado.

-Mourinho: primeiro Luis Fernandez, depois Tito Vilanova e Wenger

José Mourinho, já se sabe, também não é alheio a polémicas. Se não o era como adjunto, como haveria de ser quando é o técnico principal?

Em 1996/97, estava ainda Mourinho a trabalhar como adjunto de Bobby Robson no Barcelona, estalou o verniz com Luis Fernandez, técnico do Atletico Bilbao, num jogo entre as duas equipas. O Barça marcou primeiro e, durante os festejos, viu-se o francês a interpelar Mourinho, junto ao banco catalão. No final do jogo, que os bascos venceriam por 2-1, a defesa de Mourinho foi feita por…Pep Guardiola!



Já como treinador principal, Mourinho colecionou as suas confusões. Uma das mais mediáticas, até pela rivalidade Real Madrid-Barcelona, aconteceu com Tito Vilanova, à época adjunto de Guardiola. Num jogo da Supertaça, em Camp Nou, que o Barça vencia 3-2, Marcelo teve uma entrada arrepiante sobre David Villa e viu o vermelho direto. Instalou-se a confusão e, no meio, Mourinho foi apanhado a colocar um dedo no olho de Vilanova. A imagem correu o mundo.



Mais recentemente, quando comandava o Chelsea, ficou famoso o desentendimento com Arsene Wenger, do Arsenal. O técnico francês chegou mesmo a empurrar Mourinho durante uma derrota por 2-0 com o «blues».



-Alex Ferguson e Mancini, com um árbitro pelo meio

Este é um caso da velha máxima de qualquer adepto ferrenho: a culpa foi do árbitro. Pelo menos foi a justificação apresentada por Roberto Mancini (sim, já se envolvia nestas coisas…) e por Sir Alex Ferguson para a altercação entre os dois num dérbi de Manchester em 2012. O árbitro assinalou uma falta a favor do United, Mancini não concordou e Ferguson não gostou que não tivesse concordado. «Passou a semana toda a queixar-se do árbitro e no jogo também», atirou o antigo treinador do Man. United.



-Baldini, Di Carlo e um pontapé no traseiro

Em agosto de 2007, o Catania recebia o Parma, na 1ª jornada da Liga, num jogo que chegou empatado a dois até aos momentos finais. Tensão evidente. Tão evidente que passou para os treinadores. Ao minuto 84, o treinador do Catania, Silvio Baldini, foi expulso pelo árbitro e reagiu de forma impensável. Com Domenico di Carlo, do Parma, a provocar a poucos metros, foi ter com ele, apanhou-o de costas e…pontapé no traseiro.

Baldini foi suspenso por um mês.



-Neil Lennon-Ally McCoist a incendiar o Old Firm

O Old Firm, nome dado ao dérbi Celtic-Glasgow Rangers, é um dos mais quentes jogos da Europa do futebol. Melhor dizendo, foi, pois o Rangers, como se sabe, ainda tenta o regresso ao principal escalão do futebol escocês para reeditar a histórica rivalidade.

Ora em 2011, o jogo aqueceu também com os dois treinadores. Ally McCoist do lado do Rangers, Neil Lennon do lado do Celtic. Lennon perdeu a cabeça, interpelou McCoist de forma mais agressiva e levou mesmo o jogador do Rangers Diouf a intrometer-se. Não foi bonito.



-Alan Pardew e um festejo que irritou Wenger

Bem antes do desentendimento com Mourinho, Arsene Wenger já tinha protagonizado um outro, também mediático, com Alan Pardew, durante um West Ham-Arsenal. A equipa de Pardew marcou, aos 88 minutos, o golo que seria o da vitória e este não se conteve nos festejos. Foi tão expansivo que irritou o treinador do Arsenal a ponto de este o vir questionar. Mais um momento feio para a coleção.