O futebolista brasileiro Róger Guedes assumiu, no mesmo local em que criticou Vítor Pereira sem dizer o nome do treinador português, que teve «tudo certo» para rumar ao FC Porto no verão de 2018, então com 21 anos, mas acabou por ser reforço do Shandong Luneng, da China, numa situação negocial que surgiu de madrugada.

Em junho de 2018, o empresário do avançado de 26 anos, agora no Corinthians, confirmou que FC Porto e Benfica tiveram interesse no atleta, na altura cedido pelo Palmeiras ao Atlético Mineiro.

«Eu vou emprestado para o Galo. Era um dos artilheiros do campeonato, em 12 jogos eu tinha nove golos. Se não me engano, sete ou cinco assistências. Eu estava muito bem. Estava tudo certo para ir para o FC Porto, de Portugal, estava tudo certo para ir. A China aparece de madrugada, eram quatro da manhã e um dos meus empresários ligou-me. [Tinha] tudo certo, eu viajaria dois ou três dias depois para Portugal», afirmou, em declarações no podcast Podpah, referindo que já tinha até falado com o treinador Sérgio Conceição.

«Deu [ndr: vontade de ficar no Galo], financeiramente era muito bom, eu ia por muito menos para o FC Porto, mas era um sonho jogar a Champions, já tinha falado com o treinador na altura, o Conceição. Estava muito feliz lá e pensei em ficar, mas na época do Palmeiras eu tinha o sonho de ir para a Europa e jogar a Champions. Eu já tinha falado com o treinador, o treinador dizia: “vem, vais ser titular aqui”. Eu queria muito ir e tinha tudo certo para ir. Eram quatro da manhã, estava a dormir com a minha esposa, um dos empresários liga-me e diz: “esta é a proposta [da China]”. Eu nem sabia converter: “é por mês?”. E ele disse: “por mês” (risos). Eu digo sempre: todos vão para a China, acredito eu, primeiro pelo aspeto financeiro, mas quando chegas, irias por menos. Porque é muito bom o país, tem tudo, não tem a pressão dos adeptos», assegurou, falando do momento da decisão de rumar à China.

«Quando fui para a China eu tinha 21 anos e a minha cabeça não era tão boa no sentido em que talvez eu tivesse medo: “E se for para o FC Porto e não jogar? Vou querer voltar”. Eu pensei na minha esposa, tinha um filho e disse: “Vou [para a China] com contrato de quatro anos e voltar jovem”. E foi o que aconteceu. Era para ter ficado até ao ano passado. Em 2020 foi a pandemia, fui para a China e fiquei sete meses longe da família, não podiam entrar, estávamos em bolha e em 2021 foi novamente isso. Fiquei até meio do ano, não aceitei voltar, briguei com os chineses, mas sempre me trataram bem e à família», frisou.