Luiz Felipe Scolari, selecionador nacional entre 2003 e 2008, assumiu que em 2006, com o Mundial à porta, recebeu uma oferta para orientar a seleção inglesa.

«Eles queriam que eu assinasse contrato antes do Mundial, esse foi o problema. Seria uma situação estranha. Eu a estar a orientar Portugal, seguir em frente na competição e defrontar Inglaterra. Seria selecionador de Portugal, mas com contrato assinado com outro país? Isso não estava certo. Caso contrário, teria ido com um enorme prazer», disse numa entrevista publicada no site do Guardian.

Scolari, que à frente de seleções bateu a Inglaterra por três vezes em grandes competições - Mundial 2002 pelo Brasil; Euro 2004 e Mundial 2006 por Portugal - passou em revista o início de ligação ao futebol, os anos em que trabalhou como professor e o curto período em Inglaterra, quando orientou, sem grande sucesso, o Chelsea entre o verão de 2008 e fevereiro de 2009.

O «sargentão» admitiu ter criado alguns anticorpos com jogadores. «Eu tinha uma forma de liderança que chocava com um ou dois jogadores. Quem? Anelka e Drogba. A meio do verão, o nosso departamento médico pensou que devia deixar o Drogba ir recuperar de uma cirurgia em Cannes. Em achei que ele devia ficar em Londres. Eu também gostava de ir para Cannes a meio do verão. Ficaria lá um ou dois meses a divertir-me», começou por dizer.

E acrescentou: «Quando voltámos, tentei ajustar a equipa para que Drogba e Anelka pudesse jogar juntos. O Anelka era o melhor marcador do campeonato. Tivemos uma reunião e o Anelka disse que só jogava numa posição. Houve falta de amizade, de respeito e de vontade em tentar jogar com Drogba. Eles era ótimos os dois, mas alguém tinha de assumir um papel diferente e recuar para ajudar quando perdíamos a bola. Foi nessa altura que as coisas mudaram», apontou, referindo-se à quebra do Chelsea, que chegou a liderar a Premier League nos primeiros meses.

Scolari garantiu não guardar rancor. «Cruzei-me com Drogba na Rússia em 2018. Falámos abertamente sobre isso. Não houve qualquer má intenção da parte dele ou do Anelka. Mas aconteceu e eu perdi uma das grandes oportunidades da minha vida.»