Júnior Moraes era um dos jogadores brasileiros do Shakhtar que estava em Kiev e tentava fugir da Ucrânia. O atacante chegou esta quinta-feira ao Brasil, onde reencontrou a família e relatou os momentos vividos antes da fuga.

«Eu não nasci para entrar em zona de confronto de guerra. Não sabia se ia sair ou não», começou por dizer o futebolista que tem dupla nacionalidade e podia ter sido chamado para integrar as tropas ucranianas.

Há uma década no país, Moraes foi determinante para agilizar o processo de saída, quer do próprio, quer dos compatriotas.

«Só pensei em ajudar a tirar o pessoal de lá. Havia muitos bebés, muita criança, todos muito assustados. Tentava arranjar uma solução a toda a hora, uma saída, tentava encontrar leite para as crianças, fraldas. Para passar à minha família que estava bem, virava-me para uma parede, tirava uma fotografia, punha um sorriso e dizia: “Ó, tá tudo ok”», contou.

«Estão mais brasileiros lá, a guerra continua, estou a tentar fazer o máximo para tirar as pessoas de lá, as famílias ucranianas também precisam de ajuda. Como estou no país há quase dez anos, conheço muita gente e estou a tentar fazer o máximo para poder ajudar», acrescentou.

Júnior, irmão do ex-FC Porto Bruno Moraes, relatou os momentos de desespero pelos quais passou.

«Eu não fui forte em nenhum momento. Em vários momentos, quando estava no limite, escondia-me na casa de banho ou trancava-me no quarto, orava, pedia força a Deus, porque não podia fazer isso na frente de ninguém», acrescentou.

O futebolista, que vive na Ucrânia desde 2012, fez um donativo ao país de 1.675.000 hryvnias, o equivalente a cerca de 50 mil euros.

O reencontro de Júnior Moraes com a família: