O dono do Sheffield United, o Príncipe Abdullah, revelou que o treinador Chris Wilder, que saiu este mês do clube, quis renunciar ao cargo por duas vezes e que exigiu uma indemnização de quatro milhões de libras (cerca de 4,6 milhões de euros) quando estava na reta final da sua ligação ao clube.

A 13 de março, o Sheffield United confirmou a saída de Chris Wilder por «mútuo acordo», mas o processo de saída tem bem mais para contar, de acordo com o príncipe saudita dos blades.

«Em dezembro, o Stephen [Bettis, CEO do Sheffield] disse-me que o Chris falou sobre rescindir. Eu fiquei preocupado e sabia que um telefonema ou uma ligação por Zoom não resolveriam, então tive de sentar-me com ele», referiu Abdullah, à SkySports.

O príncipe referiu que, devido aos problemas de saída da Arábia Saudita devido às restrições associadas à pandemia de covid-19, demorou «duas semanas a ter permissão para sair» e que, quando o conseguiu, viajou para Sheffield e encontrou o treinador antes da derrota por 3-0 ante o Southampton [12 dezembro].

«Eu disse ao Chris: se perdermos todos os jogos até ao fim da época, não vamos despedir-te. Acredito que és o melhor treinador para nos trazeres de volta à Premier League. Disse-lhe que as contratações podiam ser melhores e que nos podíamos sentar depois da época e ver como podíamos tornar isto melhor. O Chris explicou numa chamada de uma hora porque é que ele queria sair, disse que sentia que a equipa precisava de uma mudança, uma nova voz. Fomos claros em dizer que não o queríamos despedir mas, que se ele quisesse sair, não podíamos pagar-lhe o mesmo do que se o despedíssemos», prosseguiu Abdullah, mostrando-se surpreendido com os valores que Chris Wilder pediu para sair.

«Os e-mails começaram com os representantes deles e o nosso homem das finanças e ficámos surpreendidos por ele pedir quatro milhões de libras para renunciar. Dissemos-lhe que não íamos pagar isso: ‘tu estás a sair, não estamos a despedir-te, porque é que iríamos pagar-te quase um ano de salários?’», questionou o saudita, lembrando que o Sheffield United «contratou como Chris pediu». «Gastámos 120 milhões de libras», disse, ainda.

Paul Heckingbottom, que estava com os sub-23, assumiu a equipa principal interinamente até ao final da época, mas o dono árabe quer arranjar um treinador com um longo contrato para o regresso à Premier League em 2022. É que as esperanças da permanência esta época são já escassas, apesar de matematicamente possíveis: o Sheffield é 20.º e último, com apenas 14 pontos em 29 jornadas, a 14 da zona de salvação, quando faltam nove jornadas.

Em três épocas, entre 2016/2017 e 2018/2019, Wilder subiu o Sheffield do terceiro escalão à Premier League. Deixou o clube ao fim de quatro épocas e meia.