O diretor executivo da liga italiana, Luigi de Siervo, anunciou esta segunda-feira que a Série A está a desenvolver um sistema de reconhecimento facial para identificar adeptos responsáveis por cânticos racistas.

«Estamos a trabalhar num software de reconhecimento facial para utilizar dentro dos estádios», disse de Siervo, à margem da apresentação de uma campanha de sensibilização promovida pela Série A.

Segundo o dirigente, aguardam ainda «autorização das autoridades quanto à privacidade», pedindo ajuda governamental para permitir que os clubes «intervenham diretamente».

Outra das medidas tomadas foi a criação de uma equipa antirracismo, com um jogador de cada uma das vinte equipas do primeiro escalão, com de Siervo a comparar as ações com o plano de Margaret Thatcher, antiga primeira-ministra britânica que, nos anos oitenta, combateu o hooliganismo.

«Vamos fazer em dois anos o que Thatcher fez em dez», citou o dirigente, aludindo a uma série de ações, de sensibilização e punitivas, que ainda assim não impediram a suspensão dos clubes ingleses das competições europeias até 1990, depois da tragédia do Estádio Heysel, em que 39 adeptos da Juventus morreram esmagados.

Durante a atual temporada, jogadores como o belga Romelu Lukaku, o costa-marfinense Franck Kessié, o ex-Vitória de Guimarães Dalbert, o bósnio Miralem Pjanic ou o italiano Mario Balotelli foram alvo de ataques racistas, sobretudo os jogadores de raça negra, num campeonato em que vários «ultras» entoam cânticos antissemitas, como os da Lazio.

O plano de reconhecimento facial junta-se à vontade da Federação Italiana de Futebol (FIGC) de utilizar sistemas de escuta, usados pelas autoridades italianas em operações antiterrorismo, para também identificar adeptos que entoem cânticos racistas ou discriminatórios.