Como seria o futebol se, além da impossibilidade de usar as mãos, os jogadores também não pudessem usar a cabeça para jogar a bola? Este é um exercício que pode parecer descabido, mas que ganha alguma razão de ser depois do caso que aconteceu os EUA, onde um Tribunal proibiu os remates de cabeça em jogos de crianças.

Alertada pelo aumento de contusões cerebrais em atletas, Rachel Mehr, antiga jogadora, levou o caso a tribunal, sendo que a sentença foi conhecida na segunda-feira. Crianças até aos 10 anos estão proibidas de usar a cabeça no jogo, ao passo que menores de 13 anos só o poderão fazer com limitações, nomeadamente através de um número máximo por atleta a cada jogo.

Contudo, pode não ficar por aqui. O objetivo da empresa de advogados que venceu o processo passa, agora, por alargar a medida a todo o futebol norte-americano, nomeadamente aos campeonatos profissionais.

Se tiverem sucesso nessa cruzada, pode significar um golpe profundo no futebol como o conhecemos hoje. Já imaginou o futebol sem golos de cabeça, por exemplo, citando apenas a face mais visível da sua «utilidade»?

O futebol sempre teve, ao longo da história, especialistas no jogo de cabeça, além de que muitas jogadas específicas, como cantos ou livres laterais, são pensadas para tirar partido, precisamente, desta capacidade.

Aliás, não deixa de ser curioso pensar que, se os golos de cabeça fossem proibidos, seria apagado da história o golo que acabou por ser o da vitória dos…Estados Unidos, frente a Portugal, no Mundial 2002.



Apenas um exemplo.

Mas, no Maisfutebol, optamos por recolher mais dez. Porque os golos de cabeça podem ser espetaculares ou, no mínimo, icónicos. E, se algum dia forem proibidos, há alguns que merecem ser preservados na memória coletiva.

-Pelé (Brasil-Itália, Mundial 70)

Foi, durante muitos anos, visto como o melhor golo de cabeça de sempre dos Mundiais. Presença constante em qualquer compilação do torneio ou de momentos em que a cabeça decide um jogo. Numa era em que a cor começava a dar às transmissões televisivas todo um novo encanto, é um dos mais simbólicos golos de cabeça de sempre.



-Letchkov (Bulgária-Alemanha, Mundial 94)

Mais um golo vindo do maior torneio de seleções. Eram os quartos de final, entre uma das equipas sensação da prova, os búlgaros, e a campeã em título. Letchkov antecipou-se a Hassler e mergulhou para a glória. É daqueles lances em que, se alguém disser «o golo do Letchkov» todos saberão exatamente de qual estão a falar.



-Zidane (França-Brasil, Mundial 98)

Oito anos antes de usar a cabeça de forma irracional para um triste adeus aos relvados, Zidane usou-a para dar à França o seu primeiro e único título mundial. Em casa, perante o favorito Brasil, mas com Ronaldo nada «fenómeno». Foram dois cabeceamentos que destroçaram os homens de Mário Zagalo.



-João Pinto (Portugal-Inglaterra, Euro 2000)

Impossível fazer uma lista com golos de cabeça icónicos e não incluir o mergulho genial de João Vieira Pinto no fantástico jogo de abertura do Europeu de 2000. Inesquecível.



-Jared Borgetti (Itália-México, Mundial 2002)

Se é no Mundial que se escrevem várias das páginas de ouro da história do futebol, venha mais um momento de génio do torneio. No Mundial do Oriente, o mexicano Borgetti marcou praticamente de costas para a baliza italiana, num gesto técnico ao alcance de muito poucos. Brilhante.



-Henrik Larsson (Suécia-Bulgária, Euro 2004)

O estádio de Alvalade viu um dos melhores golos do torneio português sair da cabeça do sueco, em mais um mergulho para a fama, na goleada à Bulgária, ainda na fase de grupos.



-Cristiano Ronaldo (Manchester United-AS Roma, Liga dos Campeões 2007/08)

Tantos golos marca, que um haveria de estar nesta lista. A entrada de rompante de Ronaldo no jogo com os italianos da Roma correu o mundo. Pelo poder de elevação, pelo remate fulgurante. Um golaço em suma.



-Didier Drobga (Chelsea-Bayern Munique, Liga dos Campeões 2011/12)

O Bayern jogava em casa, o Chelsea estava muito desfalcado. A balança pendia claramente para os bávaros que até marcaram primeiro. Nas alturas, praticamente do nada, Drogba devolveu os «blues» ao jogo, que ganhariam nos penáltis.



-Sergio Ramos (Real Madrid-Atl. Madrid, Liga dos Campeões 2013/14)

Mais um empate arrancado a ferros na final da Champions. Este praticamente no último suspiro, quando o Atlético já tinha uma mão na Taça. Ramos saltou mais alto que toda a gente num canto e atirou colocado. A Décima vinha a caminho.



-Robin Van Persie (Holanda-Espanha, Mundial 2014)

Para muitos foi mesmo o melhor golo do Mundial. Um gesto diferente, imortal e que pode dar mesmo origem a nome próprio. Se, alguma vez, alguém fizer um golo desta forma pode dizer-se que foi «um golo à Van Persie». O holandês, certamente, não ficará chateado…