A Federação Ucraniana de judo vai boicotar os Mundiais de 2023, que contam de forma relevante para a qualificação olímpica para Paris2024, em protesto contra a decisão da federação internacional, que autorizou o regresso de atletas da Rússia e da Bielorrússia à competição.

Em comunicado, o organismo federativo ucraniano considera «que esta decisão [da Federação Internacional de Judo] contraria as mais recentes recomendações do Comité Olímpico Internacional, segundo as quais o estatuto de atleta neutro só pode ser concedido a quem não intervenha no conflito» e refere ainda que «a maioria da equipa russa é composta por judocas que estão a combater na guerra como soldados da Federação Russa».

Além disso, e lembrando que «mais de 250 atletas ucranianos morreram a defender o seu país, entre os quais vários judocas», a Federação Ucraniana alega que não encontra «neutralidade e igualdade de tratamento» na decisão do organismo internacional.

A Federação Internacional de Judo divulgou uma resolução que permite a atletas russos e bielorrussos regressar, como neutros, a tempo dos próximos campeonatos do Mundo, em Doha, de 7 a 14 de maio, sustentando que esta garante «participação justa» e «oportunidades por igual», sem discriminar «quem persegue o sonho olímpico», assentando a decisão nas bases dadas pelo Comité Olímpico Internacional (COI) e na noção das Nações Unidas, que «apoia a ideia de que todos devem poder participar no desporto».

O COI permitiu, em março, que atletas russos e bielorrussos voltassem à prática competitiva internacional, sob condições apertadas de neutralidade, sem terem apoiado a guerra ou estarem inscritos nas forças militares, deixando aberto a cada federação internacional a decisão sobre de que forma se processaria esse regresso. No caso do judo, foram feitas «verificações por uma empresa independente» quanto ao passado de todos os atletas que se propõem a participar nos Mundiais, incluindo publicações nas redes sociais. Só os que passarem essa confirmação podem participar em provas mundiais.

A Ucrânia boicotou vários eventos e já tinha ameaçado fazer o mesmo nos Mundiais desse ano, o que levou a IJF a recuar, banindo judocas daqueles países até janeiro deste ano.

O judo junta-se a outras modalidades, casos do tiro com arco, esgrima, pentatlo moderno, skate, ténis de mesa, taekwondo, triatlo e luta livre, ao contrário do atletismo, badminton, basquetebol, equestre, escalada e surf, que mantiveram a suspensão.