Cada vez mais há grupos empresariais que detém vários clubes. É o caso do City Group que tem participação em 12 clubes ou da Reb Bull, que têm quatro equipas.

Será este o caminho que o futebol irá seguir? O diretor desportivo do Leeds United, Victor Orta, que participou num painel com Joel Pinho (Arouca) e com Gustavo Grossi (Internacional) para discutir o tema «Visão para uma gestão estratégica no futebol» na quinta edição do World Scouting Congress, acredita que sim. 

«Esse vai ser o projeto dos clubes. Vão ser todos assim. Em Inglaterra o Brexit reduziu a captação e temos informação que não usamos. Um bom exemplo é o caso do Rafa Mújica [ndr: aponta para Joel Pinho] que está no Arouca. Errei ao levá-lo com 19 anos para o Leeds. O lógico era ele ir para uma equipa como o Arouca. Agora ele está a render», começou por argumentar.

O espanhol lembrou o exemplo da Red Bull e da forma como o Salzburgo trabalha e vende jogadores, mantendo sempre a competitividade.

«O Red Bull Salzburgo tem um contexto especial. Miúdos de 16 anos jogam na segunda divisão austríaca, uma liga que já é profissional. Vendem caro, sobretudo ao Leipzig, mas esse é um projeto que funciona. O futuro é haver vários 'multi-club' como os dois que referi,», defendeu.

Victor Orta deu, de seguida, o exemplo de Raphinha. O internacional brasileiro chegou ao Barcelona este verão, oriundo precisamente do Leeds United, mas que passou por Vitória de Guimarães, Sporting e Rennes até chegar à Premier League.

«O ideal é ter um contexto onde seja possível criar informação, captar, ter paciência e ver o jogador desenvolver-se numa liga onde este pudesse ter minutos. No outro dia estava a refletir o que teria acontecido ao Raphinha se o tivesse contratado diretamente ao Avaí. Acredito que a trajetória seria semelhante se ele tivesse jogado num outro clube [ndr: detido pelo dono do Leeds]. Nesse cenário poderia cometer dez erros. A ideia é, no fundo, criar depois um jogador de Premier League, visto que pela legislação atual, não é possível fazê-lo. Espero que o dono do meu clube, depois de o clube estar estável na Premier League, possam comprar um clube em Portugal, na Bélgica ou em Espanha. Acho que é um modelo que tem de ser adoptado», concluiu.